Emerson Leão relembra arrancada com Corinthians em 2006 e relação difícil com “estrelas” da equipe | OneFootball

Emerson Leão, ex-goleiro e treinador do Corinthians, foi entrevistado pelo programa Abre Aspas, do ge.globo, onde falou sobre sua longa carreira no futebol, marcada por passagens em grandes clubes no Brasil e no exterior e, também, na Seleção Brasileira. Naturalmente, o Corinthians acabou sendo um dos assuntos, e Leão se relembrou do contexto da sua chegada como técnico, em 2006.

“Foi ótimo. Sabe por que foi ótimo? O Corinthians estava mal pra caramba. E eu fui convidado pra ser treinador do Corinthians. Aí eu fui dar uma entrevista no Corinthians lá, né? E eu dei entrevista, quando eu saí um companheiro seu, que trabalhava, perguntou: ‘você já pensou no que você fez?’ Falei: ‘o que que foi?’ Você precisa ganhar 80% dos jogos para não cair no Corinthians. Falei: ‘é mesmo? Pô, sabe que eu não tinha visto isso?’ E era verdade. Falei, então nós temos que ganhar. Comecei a trabalhar, a trocar o time para colocar os moleques. Conclusão, deu certo.”

Foto: Divulgação

O treinador assumiu o Corinthians quando a equipe ocupava a lanterna do Campeonato Brasileiro, em forte crise mesmo sendo o campeão vigente do torneio e com diversos jogadores importantes no elenco, entre eles Tevez, Carlos Alberto e Mascherano. Ele falou sobre como foi lidar com essa realidade no Parque São Jorge.

“Tinha umas estrelas, entendeu? Só que as estrelas mandavam lá, e estrela não é pra mandar, é pra colaborar, brilhar. Começamos a formar uma outra mentalidade, colocar os garotos, uma maneira de ser. Foi assim que nós conseguimos esses 80% de vitórias pra não cair. Tinha as estrelas, alguns saíram, outros ficaram. Lidar com estrela é difícil porque tem um perigo muito grande. Quando a estrela é negativa é melhor não tê-la. Os caras falam, você gostaria de ter aquele no seu time? Não. Por quê? Mas ele é maravilhoso, é craque, mas ele traga o resto. Não quero. Entendeu?”

Embora não tenha vencido 80% dos jogos no Brasileirão daquela temporada – venceu metade, ou 11 das 22 partidas disputadas, com outros sete empates e quatro derrotas – o Corinthians de fato se recuperou no torneio, deixando a zona de rebaixamento e terminando em 9º lugar, com 53 pontos em 38 jogos. A arrancada se deu mesmo após a saída da dupla de argentinos, que em agosto deixou o clube rumo ao West Ham (ING).

Leão falou sobre o camisa 10. “Você falou do Tevez, eu queria ele titular no meu time, lógico que eu queria. Ele era goleador, cara. Só que ele era irreverente e não era atleta. Então é difícil, não comigo. Nunca tive crise nenhuma com ele. Nunca. Com nenhum. Na verdade, com nenhum. Só que um dia, por exemplo, a seleção da Argentina convocou ele. Ele queria jogar na seleção da Argentina. Aí ele veio falar comigo e eu falei, ‘olha, eu não vou te dispensar’. Não é jogo oficial da Fifa. É amistoso, barato. É caça-níquel, não vou te dispersar. Nem você, nem Mascherano. Não vai”, relembrou.

O episódio foi apenas um de uma série de rusgas que acabaram culminando na saída do atleta do Alvinegro. Mas o treinador nega que tenha influenciado na dispensa da dupla: “Tiraram eles do Corinthians, eu apenas decidi que ele ia jogar. Ele jogou, ganhou um jogo de três, acho que ele fez um ou dois gols. Primeiro o Corinthians, depois o amistoso da seleção argentina, que não era Fifa, (era) amistoso secundário, ganho de dinheiro, mais nada. Conclusão, eu fico com essa frescura toda até hoje”

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