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Jogada10

·13 May 2025

A Era Carioca de Ancelotti

Article image:A Era Carioca de Ancelotti

A experiência Ancelotti é (quase) inédita. O uruguaio Ramon Platero e o português Jorge Gomes de Lima tiveram passagens fugazes pela Seleção do Brasil em tempos de outrora. E o argentino Filpo Nuñez dirigiu o Palmeiras, vestido de verde e amarelo, representando o país, com saldo positivo.

Quando conquistou o Sul-Americano derrotando o Brasil, em 1953, e depois o tricampeonato carioca pelo Flamengo, em 1955, o paraguaio Manuel Agustín Fleitas Solich esteve a um passo de assumir o cargo. Mas sempre houve grande resistência – de torcida, mídia e dirigentes – para evitar a contratação de alguém do exterior.


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Mas o fato é que técnicos capacitados, como Fernando Diniz e Dorival Júnior, também não conseguiram obter resultados, e mais, não fizeram a equipe praticar um futebol convincente. Além disso, e embora a possibilidade de o Brasil ficar fora da Copa seja insignificante, há hoje uma exigência brutal, da própria sociedade, inclusive dos que não entendem nada de futebol, por soluções imediatas. E a CBF foi praticamente obrigada a apelar para um estrangeiro. Serão raros os que ousarão protestar contra a contratação de um gringo para exercer a função. A coisa vai tão mal que nos rendemos à situação.

Carlo Ancelotti

Não se discute a experiência e o conhecimento de Carlo Ancelotti, que completa o 66º aniversário no próximo dia 10. Jogou futebol por 15 anos, na Roma, e principalmente no grande Milan, dirigido por Arrigo Sacchi entre 1987 e 1992.  Freqüentou a Squadra Azzurra por uma década. E como treinador ganhou cinco vezes a Liga dos Campeões da Europa. E em outras seis o título nacional por países distintos, Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália.

O que se questiona é o discernimento de Ancelotti para trabalhar no Brasil, notadamente na Seleção, que não consegue, faz tempo, acertar o passo. Difícil garantir até onde vai o esclarecimento dos cartolas da CBF sobre as qualidades do profissional italiano. É possível que saibam apenas de seu histórico como treinador, que é, como dito, indiscutível.

É provável, no entanto, que a entidade tenha atirado no que viu, e acertado no que estava fora de sua mira. Pois uma das maiores virtudes de Ancelotti é a facilidade de adaptação a qualquer ambiente. Tanto que já esteve em países distintos, de costumes e idiomas desconhecidos. Ele conhece como poucos a linguagem e o cotidiano do atleta, sabendo utilizar os meios para tornar o ambiente respirável, embora haja uma diferença entre dirigir clubes e seleções.

O Brasil não é para amadores

No clube, você convive continuamente com os jogadores, e na Europa, onde fez carreira, o italiano tinha à disposição, não só uma pré-temporada, como o conhecimento específico dos adversários e seus redutos. Ancelotti desembarcará em um país fora de sua alçada, não terá tempo para iniciar o trabalho – já chega organizando uma convocação – e está desde já sob forte pressão geral, para comandar a seleção cinco vezes campeã do mundo, que não tem outra opção que não seja a vitória. A propósito, a cobrança sobre o homem, por tantas circunstâncias, incluindo o salário milionário, será ainda maior. O Brasil, em todos os sentidos, não é para amadores.

Ancelotti vem de uma escola vencedora. Seu grande mestre é o veterano Arrigo Sacchi, 80 anos de idade, homem de diálogo franco e afável, que dirigiu o melhor Milan da história, com Rijkaard, Gullitt e Van Basten, jogando um 4-4-2 basicamente ofensivo, que teve a coragem de alterar o estilo retrancado do calcio, levando a Itália ao vice-campeonato mundial em 1994, nos Estados Unidos.

Ancellotti já fez milagres no Real Madrid. Fora de lá também. E tomará sustos com a vida no Rio de Janeiro, caso venha mesmo a fixar residência no Brasil. Mas é provável, e que assim seja, que o gringo saiba empregar por aqui a sua experiência, no futebol e principalmente na vida, o que poderá ser suficiente para o seu sucesso na Seleção Brasileira.

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