
Gazeta Esportiva.com
·16 May 2025
Augusto Melo fala sobre caso VaideBet e afirma que não renunciará ao cargo se for indiciado

Gazeta Esportiva.com
·16 May 2025
Após o caso VaideBet ganhar novos contornos na última quinta-feira, o presidente Augusto Melo veio a público nesta sexta-feira. O inquérito policial investiga possíveis irregularidades relacionadas à intermediação do contrato firmado entre Corinthians e a ex-patrocinadora, e está perto de ser finalizado.
O presidente do Corinthians, por sua vez, negou mais uma vez seu envolvimento no caso e deixou claro que não renunciará à cadeira presidencial do Corinthians em caso de um possível indiciamento se confirmar.
“Jamais (vou renunciar). Jamais. Não tenho problema nenhum com isso, nada a ver com isso. A minha negociação é sempre a mesma, sempre a mesma participação. Tudo que eu faço tem um jurídico que me dá suporte, um compliance que me dá suporte. Então, jamais, primeiro porque não tem nada a ver com isso, segundo, eu estou aqui em prol do Corinthians, eu não preciso do Corinthians, eu não vivo do Corinthians”, declarou o mandatário em coletiva.
Como divulgado pela Gazeta Esportiva na última quinta-feira, Alex Cassundé, dono da Red Social Media Design LTDA, empresa inserida no contrato entre Corinthians e VaideBet como intermediadora do negócio, receberia R$ 25,2 milhões ao longo de três anos. Desse valor, ele transferiu R$ 580 mil para a Neoway Soluções Integradas, uma empresa fantasma, no dia 25 de março de 2024.
Em um dos relatórios assinados pelo delegado Tiago Fernando Correia, responsável pelo caso, foi descoberto pela Polícia, por meio de um rastreamento do caminho do dinheiro, que os valores que saíram dos cofres do Corinthians para o pagamento da suposta intermediação tiveram como destino final a UJ Football Talent Intermediação LTDA, de Ulisses de Souza Jorge. Tal empresa está sendo investigada em Portugal por eventual envolvimento com uma organização criminosa brasileira, o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Falando em nome do presidente Augusto Melo, o advogado Ricardo Cury não deu novos detalhes sobre a tramitação do inquérito policial, mas entende que a chegada de novos nomes à investigação pode, quem sabe, trazer novos contornos ao caso.
“Uma coisa que nós achamos positivo, porque eu estou falando do nome do presidente Augusto, é que apareceram novas pessoas, novos nomes, que ainda não foram ouvidos em inquérito. Então agora nós temos a dúvida se a investigação vai seguir ou se o delegado vai encerrar agora o inquérito. No nosso modo de ver, têm pessoas novas mencionadas. Como disse o presidente Augusto aqui, a ideia é que isso seja uma oportunidade, não só para a gente investigar o Corinthians como ponto de partida, mas eventualmente investigar todo o futebol brasileiro e a eventual relação do crime organizado com o futebol brasileiro”, explicou Cury.
O presidente Augusto Melo prestou depoimento no último dia 16 de abril, na condição de investigado, no Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC, responsável por casos de lavagem de dinheiro).
Antes do mandatário, também foram ouvidos em oitiva o ex-superintendente de marketing do Corinthians, Sérgio Moura, e Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo do clube.
A defesa do mandatário corintiano, entretanto, parece ter plena certeza que Augusto não será indiciado no Caso VaideBet. De acordo com Ricardo Cury, não há nenhuma ação ilegal e nenhuma omissão do presidente.
“A defesa tem muita segurança e tranquilidade de que o presidente não será indiciado. Não há elementos para o indiciamento do presidente Augusto, e justifico. O potencial investigado tem que ter uma ação ou omissão praticada por ele investigado. (…). Omissão não teve. E ação ilegal do presidente? Nenhuma. Esse contrato seguiu o fluxo que é normal dentro do Corinthians. Passou por todos os departamentos do Corinthians, inclusive pelo compliance, marketing, administrativo. O último a assinar o contrato foi ele. O contrato chegou já assinado por todo mundo. Ação não teve, omissão não teve. Como vai responsabilizar criminalmente uma pessoa? A defesa está muito incomodada com esse caso”, afirmou o profissional.
O caso VaideBet está sendo conduzido pelo delegado Tiago Fernando Correia, do DPPC, com o apoio do Promotor de Justiça do Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Juliano Carvalho Atoji.
“Para mim, é difícil falar de uma situação que desconheço. Para mim foi uma surpresa e enorme, mesmo porque eu fiz a minha parte. Sou sempre o primeiro a fazer uma proposta e o último assinar depois que passa pelos setores. Não cabe a mim investigar a empresa que está patrocinando. Desde que assumi a cadeira, nunca assumi nada sem o meu jurídico e meu compliance dar o ok. Minha área é administrativa, comercial. Jamais vou não aceitar o que um jurídico me fala. Foi uma novidade, é difícil aceitar e entender tudo isso. Da forma que foi conduzido, que foi feito. Fui o primeiro a falar, se tem alguma coisa errada, que vá a polícia”, concluiu o presidente.