
Gazeta Esportiva.com
·13 May 2025
Conselho marca data para votar impeachment de Augusto Melo no Corinthians

Gazeta Esportiva.com
·13 May 2025
O presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Júnior, convocou para o próximo dia 26 de maio, no Parque São Jorge, uma reunião para votar o impeachment do presidente Augusto Melo. Haverá uma primeira chamada às 18h (de Brasília) e outra às 19h.
O encontro tratará da continuidade da reunião iniciada no último dia 20 de janeiro, referente ao caso VaideBet. Na oportunidade, os conselheiros aprovaram a admissibilidade do processo de impeachment por 126 votos contra 114, mas a reunião foi suspensa devido ao horário.
A Gazeta Esportiva apurou que Romeu Tuma Júnior tem sido pressionado por outros membros do Conselho a afastar imediatamente Augusto Melo da presidência do clube. O presidente do órgão fiscalizador, entretanto, decidiu esperar pela conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre o escândalo envolvendo a casa de apostas, que tem como prazo final o dia 20 de maio, caso o delegado Tiago Fernando Correia não peça a prorrogação.
Apesar de convocar a reunião que definirá o futuro de Augusto Melo, alguns conselheiros ainda estão insatisfeitos com a postura adotada por Romeu. Diversos membros do Cori, Conselho Fiscal e Comissão de Justiça se dizem preocupados com os recentes acontecimentos, como a reprovação das contas de 2024, a negociação com a Adidas e as demissões em massa na diretoria do clube, e apoiam o afastamento imediato do presidente por entenderem que o período até a votação do caso VaideBet é muito longo.
A convocação do encontro, aliás, não altera a possibilidade de Romeu tirar Augusto Melo do poder a qualquer momento, antes mesmo do dia 26. A Comissão de Justiça protocolou o requerimento solicitando o afastamento do mandatário no último dia 6 de maio, baseado nos descumprimentos estatutários e, principalmente, nas infrações a artigos da Lei Geral do Esporte e do Profut.
O afastamento imediato não depende de votação. Basta apenas Romeu acatar o pedido da CJ e deliberar o afastamento do presidente. Neste eventual cenário, uma votação no Conselho Deliberativo e posteriormente na Assembleia Geral aconteceria com Augusto Melo, desde o início, fora do cargo.
RITO DA VAIDEBET
Caso a maioria simples no Conselho aprove o impeachment de Augusto no dia 26, o presidente será afastado imediatamente do cargo, que será assumido de forma temporária por Osmar Stabile, primeiro vice-presidente do clube.
Além disso, se o Conselho der parecer positivo quanto ao impeachment de Augusto, Romeu terá de definir uma data para a Assembleia Geral, que é a última instância do processo de destituição, com a participação dos associados do clube.
Nesse cenário, Augusto permaneceria afastado de suas funções até a divulgação do resultado final da Assembleia Geral. Se os sócios endossarem que ele deve deixar o cargo, o mandatário será definitivamente destituído.
ENTENDA OS MOTIVOS
No dia 12 de agosto de 2024, a Comissão de Justiça do Corinthians entregou um relatório para o Conselho Deliberativo a respeito de investigações sobre alguns temas que envolvem a gestão de Augusto, como as negociações com a VaideBet (ex-patrocinadora máster) e a Gazin (empresa de colchões que tem espaço no uniforme de treino).
Posteriormente, Augusto e pessoas que são ou foram ligadas à gestão foram ouvidas pela Comissão de Ética. Além do presidente, Armando Mendonça (segundo vice-presidente), Rozallah Santoro (ex-diretor financeiro), Yun Ki Lee (ex-diretor jurídico), Fernando Perino (ex-integrante do departamento jurídico), Marcelo Mariano (diretor administrativo) e Rubens Gomes (ex-diretor de futebol) foram investigados internamente.
Augusto entregou sua defesa à Comissão de Ética no final de setembro. No dia 26 de agosto, de forma paralela à investigação, um grupo de conselheiros enviou ao Conselho um requerimento que solicita a destituição de Melo.
O documento, de autoria do “Movimento Reconstrução SCCP”, conteve mais de 50 assinaturas, número mínimo para que a solicitação fosse apreciada pelo presidente do CD.
O documento pede “tramitação sucinta” e se apega, principalmente, ao Artigo 106, “b” e “d”, do Estatuto do clube, além da Lei 14.597/23, referente a nova Lei Geral do Esporte, que dispõe sobre crimes de “Lavagem” ou ocultação de bens.
Art. 106 – São motivos para requerer a destituição do Presidente e/ou dos Vices:
b) ter ele acarretado, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Corinthians.
d) ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária.
Em 19 páginas, que detalham acontecimentos recentes promovidos pela atual gestão, o requerimento se apoia em fundamentos que objetivam apontar eventuais problemas e condutas temerárias da gestão após avaliação dos seguintes casos:
-“Laranja” na intermediação da VaideBet.
-Depoimento de Cassundé à Polícia, refutando ter feito intermediação.
-Debandada de dirigentes, perda do patrocínio e prejuízo moral.
-Depoimento de Armando Mendonça à Polícia, apontando omissão dos gestores.
-Agressão de Augusto a um torcedor do Cruzeiro, em MG, com prejuízo a imagem da instituição.
No requerimento, conselheiros afirmam o Corinthians como “vítima de crimes cometidos pelos próprios dirigentes” e ainda reforçam a intenção de se obter para o clube o devido “ressarcimento do prejuízo em razão do pagamento errôneo à malfadada empresa que nunca intermediou a confecção do contrato com a antiga patrocinadora”.