«O Raphinha? É um falso magrinho... Tem a fibra toda» | OneFootball

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Zerozero

·11 March 2025

«O Raphinha? É um falso magrinho... Tem a fibra toda»

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Foi há pouco mais de nove anos que Raphinha aterrou na Europa com uma bagagem cheia de esperança. Dentro dela trazia um par de chuteiras e muita ambição. O perfil do agora capitão do Barcelona é idêntico à vontade de milhões de futebolistas, mas o esquerdino trouxe algo mais que o torna diferente: trabalho, atitude e raça.

A reboque da deslocação do Benfica a Barcelona, em jogo da segunda-mão dos oitavos de final da Champions League, o zerozero conversou com Vítor Campelos, primeiro treinador do internacional brasileiro em Portugal, e Ricardo Carvalho, jogador que reforçou a equipa B do Vitória SC no mesmo dia em que chegou Raphinha.


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«Chegámos no último dia do mercado de transferências de inverno», começou por nos contar o defesa central que agora representa o São Martinho, equipa que disputa a distrital do AF Porto. Na altura um perfeito desconhecido: «Para mim e a maioria dos jogadores era um completo desconhecido. Vinha do Brasil e era visto como um jogador normal que tinha chegado ao futebol nacional.»

Vítor Campelos, treinador da equipa B dos minhotos na temporada 2015/2016, a chegada aconteceu como aposta da direção de Júlio Mendes: «O Raphinha surgiu no Vitória SC por intermédio do Deco, creio eu... Veio do Avaí e a direção acreditava que era um jogador com muito valor, como se verificou.»

O treinador, na altura dar os primeiros passos nas equipas seniores, sublinhou as qualidades que lhe chamaram a atenção desde o primeiro treino: «Queria muito aprender, era incansável nos treinos... Tinha uma grande intensidade... Teve de melhorar alguns aspetos táticos, mas tinha coisas inatas muito fortes... Era muito rápido, foi dos jogadores mais eficazes com quem trabalhei, fosse no um contra um, fosse na cara do guarda-redes... Tinha uma eficácia muito elevada. Ele queria muito trabalhar, porque queria atingir patamares elevados e trabalhava sempre no máximo, para que isso pudesse acontecer.»

Ricardo Carvalho, companheiro de Raphinha na temporada de estreia no futebol europeu, recordou o que mais o impressionou no jovem que tinha chegado a Portugal: «Os jogadores, quase sempre, quando chegam a um novo clube, começam com mais calma, vão se ambientando, mas ele foi intenso desde o primeiro treino. Sempre rasgadinho, sempre com a raça toda e quando aparece um jogador assim, ainda para mais numa equipa B, surpreende ainda mais. Lembro-me da atitude dele, da raça, da vontade de triunfar... Era um jogador que dava sempre tudo, se tivesse de ir ao chão ia ao chão, se tivesse de fazer um carrinho, fazia um carrinho... Era um jogador agressivo... Já se notava que não era um jogador que tinha vindo para a Europa apenas para sair do futebol brasileiro.»

Não havia bola de cristal, mas...

Quer Vítor Campelos, quer Ricardo Carvalho são frontais, até porque o futebol é pródigo em promessas perdidas: «Há jogadores que nos passam pelas mãos que percebemos que facilmente podem atingir outros patamares, mas naquela altura era impossível vaticinar que ia ser capitão do Barcelona e estar na seleção do Brasil», afirmou o treinador.

Já o defesa central reforçou a opinião, com um detalhe importante: «Surpreende sempre este crescimento. Ele tinha qualidade, mas não é fácil chegar ao topo. Agora, ele tinha todos os ingredientes para chegar onde chegou e tem muito mérito nisso. Numa das melhores equipas do Mundo, se calhar, é dos melhores jogadores da equipa, além de ser capitão do Barcelona... Usa uma braçadeira que já foi usada pelo Messi... É algo muito grande.»

Rápido, magrinho... Raphinha está igual, para quem o conheceu com 19 anos, porém: «Não era fácil de marcar, pois ele pode ser magrinho, mas não é um magrinho que cai facilmente. É um falso magrinho, pois tem a fibra toda, tem a raça toda e a qualidade do pé esquerdo continua a ser melhor», sublinhou Ricardo Carvalho.

Os golos e a preponderância do FC Barcelona são um cartão de visita enorme num criativo que Campelos classifica de irreverente: «A finalização está ainda melhor, mas naquela altura, há nove temporadas, ele já era muito eficaz... É um jogador que continua a trabalhar muito para a equipa e vemos isso no Barcelona. Era rápido, era explosivo... Agora está um jogador muito mais experiente, muito mais maduro e essas qualidades que tinha cresceram com ele e estão mais refinadas.

Aos 28 anos, Raphinha, que esteve muito perto de sair do FC Barcelona no último mercado de verão, é dos jogadores mais influentes da equipa de Hansi Flick. O golo marcado frente ao Benfica, na passada quarta-feira, fê-lo entrar para uma galeria de poucos notáveis que fizeram pelo menos 25 golos numa temporada com a camisola Blaugrana. Além disso, é capitão, uma referência e um perigo para qualquer adversário.

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