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·10 de octubre de 2024

Primeiro Corinthians Feminino da história foi barrado pela ditadura e forçado a atuar com outro nome

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  1. Por Daniel Keppler / Redação da Central do Timão

Neste mês de outubro, o Corinthians Feminino está no Paraguai, disputando mais uma Copa Libertadores em busca do pentacampeonato continental. A modalidade, que retornou ao Parque São Jorge em 2016, desenvolve desde então um dos projetos mais vitoriosos do mundo, com 19 troféus levantados e sendo reconhecida como o terceiro melhor time do planeta em 2023.

No entanto, a história do Corinthians no futebol feminino é muito mais antiga do que o atual projeto, inicialmente gerido em parceria com o Audax e administrado pelo clube de forma solo desde 2018. Diversas outras “gerações” do departamento existiram nas décadas anteriores, e a primeira de todas, embora pouco conhecida, ficou na história por simbolizar o compromisso do Time do Povo com a democracia e a representatividade.


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Foto: Reprodução/A Gazeta Esportiva, 25 de julho de 1981

A liberação

O ano era 1979. Após 38 anos de proibição, o Conselho Nacional do Desporto (CND), órgão criado em 1941 e que durante a ditadura militar regulava e regulamentava todo o esporte no Brasil, dava o primeiro passo para liberar o futebol feminino em território nacional, afirmando que as mulheres poderiam praticar qualquer esporte que já estivesse regulamentado pela respectiva federação internacional.

Na prática, o futebol feminino nunca deixou de existir, sendo frequente a realização de partidas beneficentes ou com o objetivo de entretenimento, especialmente em clubes frequentados pela elite da sociedade. Mas a mudança de postura do CND naquele ano fez com que Vicente Matheus, então presidente do Corinthians, decidisse formar um time de mulheres no clube para atuar de maneira competitiva.

Nessa época, já havia outras equipes de futebol feminino na cidade de São Paulo praticando o esporte de maneira amadora, como o Indiano, o Benfica de Vila Maria ou o União Democrática da Mooca. Contudo, a formação de um time feminino em um clube de massa e expressão nacional como o Corinthians trouxa à modalidade uma visibilidade sem precedentes no país.

Visibilidade que incomodou

O Timão foi notícia em todos os grandes jornais da cidade, como a Folha de São Paulo e a Gazeta, assim como na revista Placar, e chegando a ganhar espaço em um programa na TV Record. Tal exposição incomodou as autoridades do CND, que passaram a perceber a iniciativa corinthiana de maneira diferente da forma como viam as partidas esporádicas organizadas pelos clubes de elite e entidades filantrópicas.

O resultado foi que, mesmo com o futebol feminino já liberado no Brasil, ainda que sem regulamentação da Confederação Brasileira de Desporto (CBD), o que só ocorreria em 1983, o Corinthians foi obrigado pelo CND a desligar as atletas e encerrar as atividades. No entanto, a história não terminou ali, pois o time não deixou de existir totalmente.

“Corinthians do Parque”

O grupo de 18 atletas, comandado por Silvia Regina Gonçalves, a Neneca, não se afastou, e elas seguiram treinando juntas em um parque da Zona Leste. Além disso, mantiveram-se ligadas ao Timão, atuando sob o nome de “Corinthians do Parque”. A equipe defendia o escudo do Corinthians e utilizava suas cores e uniformes, deixando claro que se tratava do Time do Povo, embora com outro nome.

O Corinthians do Parque ficou marcado na história do futebol feminino não apenas como símbolo de resistência, mas também por ser um dos quatro clubes participantes da primeira edição da Taça Brasil, organizada em 1983 pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ). Após derrota para o campeão Radar na semifinal por 2 x 0, o time venceu o Cruzeiro por 3 x 1 e ficou com o terceiro lugar na competição.

Não se sabe exatamente até que ano o Corinthians do Parque atuou, mas é certo que, oficialmente, a modalidade só retornaria ao Parque São Jorge em 1997, para a disputa do Campeonato Paulista, que voltava a ser organizado pela Federação Paulista de Futebol (FPF) após dez anos. O clube ainda disputaria competições nos anos de 1998, 2001, 2005, 2008 e 2009 antes de retornar em 2016, de maneira definitiva.

Nota da redação: a principal fonte de informações para esta matéria foi a publicação “Narrativas sobre o futebol feminino na imprensa paulista: entre a proibição e a regulamentação (1941-1983)”, dissertação de pós-graduação da historiadora Giovana Capucim e Silva (FFLCH-USP, 2015).

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