Conselheiro do Corinthians protocola mais um pedido de impeachment contra Augusto Melo; saiba detalhes | OneFootball

Conselheiro do Corinthians protocola mais um pedido de impeachment contra Augusto Melo; saiba detalhes | OneFootball

Icon: Gazeta Esportiva.com

Gazeta Esportiva.com

·5 mai 2025

Conselheiro do Corinthians protocola mais um pedido de impeachment contra Augusto Melo; saiba detalhes

Image de l'article :Conselheiro do Corinthians protocola mais um pedido de impeachment contra Augusto Melo; saiba detalhes

A reprovação das demonstrações financeiras de 2024 motivou mais um pedido de destituição de Augusto Melo do cargo de presidente do Corinthians. Desta vez, quem protocolou a solicitação na secretaria do Conselho Deliberativo foi Paulo Roberto Bastos Pedro, advogado e membro do Conselho de Orientação (Cori). Paulo Pedro, como é conhecido no Parque São Jorge, pertence à Chapa 82 “Movimento Corinthians Grande”, que apoiou publicamente o atual mandatário na última eleição.

“Votei no Augusto. Apoiei pela chapa. Mas, estou muito decepcionado, muito, totalmente. Ele é uma caricatura daquele candidato, não cumpriu 10% do que prometeu. Isso eu falei pra ele”, afirmou o conselheiro à Gazeta Esportiva.


Vidéos OneFootball


A base do pedido que deve culminar com uma nova discussão nos órgãos internos do clube sobre as ações e eventuais omissões de Augusto Melo é o texto do próprio voto de Paulo Pedro na reunião do Cori que determinou a sugestão de reprovação das contas pertinentes ao primeiro ano do mandato de Augusto Melo.

“O meu relatório não versa tão somente sobre as contas do Augusto, ele versa sobre administração irresponsável que tivemos durante 2024. O Cori tentou orientar, mas ele não compareceu às reuniões. Enviamos recados aos diretores dele, mas eles ignoraram”, comentou Paulo Pedro.

No relatório de 25 páginas, Paulo Pedro detalhou, com sustentação jurídica para cada tópico citado, diversos descumprimentos e infrações estatutárias assim como ocorreu diante de artigos da Lei Geral do Esporte. Entre tantos, alguns dos principais motivos listados estão:

– Ausências de informações e documentos que deveriam ser apresentados pela diretoria.

-Ausência de balancetes mensais.

-Ausência de envio prévio das demonstrações financeiras ao Cori.

-Contratação da empresa Workserv Segurança Privada LTDA (sem cotação de orçamento, sem formalização de contrato, sem seguir recomendação do compliance, com funcionários sem registro legal, com ficha cadastral de constituição da empresa 75 dias antes da contratação, sem autorização de funcionamento da Polícia Federal).

-Contratação da Kiara Segurança Privada LTDA para substituir a Workserv (sem cotação de orçamento prévio, sem autorização da PF no ato da contratação, com funcionários sem registro legal).

-Aumento substancial de 85% nos serviços contratados e nas despesas gerais e administrativas no departamento de futebol.

-Contratação de mais de 100 funcionários para o clube social, que representou um aumento de 23% da folha de pagamento.

-Ausência de revisão orçamentária durante o ano de 2024.

-Aumento das despesas financeiras em R$ 200 milhões.

-Ausência do relatório de auditoria ou consultoria da Ernst & Young.

-Ausência de adoção de medidas, inclusive da Comissão de Ética, sobre a despesa provável de R$ 40 milhões, já imposta pela Fifa em primeira audiência, no caso Matías Rojas, que se utilizou de uma cláusula aceita e não cumprida pela atual gestão.

-Degradação do Programa Fiel Torcedor, com redução de associados e de receita, que caiu de R$ 106,5 milhões, em 2023, para R$ 70,6 milhões, em 2024, afora tantas reclamações e número reduzido de ingressos disponibilizados.

-Gestão em desacordo com o Profut. Déficit de 181,8 milhões após um resultado positivo em 2023 e um orçamento aprovado em abril de 2024, que previa um superávit de R$ 17,6 milhões.

-Porcentagem de 19,45% de déficit sobre a receita bruta de 2023, apenas 0,55% abaixo do limite legal do Profut, para ser considerada uma gestão temerária. Margem que deve ser superada se somada a execução de juros e correções da Pix Bet pelo não cumprimento do pagamento de R$ 44,1 milhões gerados pela decisão de rescisão unilateral por parte do Corinthians. Além da receita obtida com a doação dos torcedores através da ‘vaquinha’ para pagamento da Neo Química Arena, que foram compostas nas receitas do clube e não deveriam assim ser consideradas, o que fatalmente aumentará o déficit operacional.

“Eles brincam com os poderes. Começo a imaginar que o Augusto acredita que foi eleito para um reinado, não para um mandato. Ele não é rei. Tem órgão de controle, tem que respeitar, não pode fazer o que quiser”, argumentou Paulo Pedro, que entregou o texto do seu voto ao presidente da Gaviões da Fiel, Alexandre Domênico Pereira, apelidado de Alê.

“Logo após a reunião do Cori, naquele dia mesmo, tinham representantes dos Gaviões na porta do clube. Eles fizeram algumas perguntas, me abordaram e eu disse que meu voto é público, enviei para o Alê. Meu voto está lá. Ele foi educado, disse que estava atento, disse que estava difícil, que iria analisar com atenção, e não tivemos mais contato”, explicou.

“O problema desta gestão é que eles estavam mais preocupados com as ditas contingências de R$ 191 milhões de 2023 do que no déficit operacional de 2024. Estavam mais preocupados com a gestão Duilio do que com a gestão Augusto. E sobre o déficit de R$ 181 milhões, não apresentaram nenhuma explicação”.

“Para piorar, sobre as contingências que eles citam de 2023, não apresentaram nenhuma documentação de suporte. Colocaram no papel sem nenhuma comprovação, ficou só de boca. Aliás, o Seedorf (leia-se Luiz Ricardo Alves, gerente financeiro do clube), pedi diversas vezes para ele mandar o contrato de prestação de serviço dele e ele não mandou. O Cori pede e ele não manda”, concluiu Pedro Paulo.

O pedido de afastamento do presidente Augusto Melo se norteia no artigo 106 do estatuto do clube, letras “d” e “e”, que diz o seguinte:

-São motivos para requerer a destituição dos administradores (presidente da diretoria ou de seus vices-presidentes)

d – ter ele infringido, por ação ou omissão, expressa norma estatutária. e – prática de ato de gestão irregular ou temerária.

Augusto Melo teve as contas reprovadas pelo Conselho Deliberativo do Corinthians, que seguiu as sugestões do Conselho Fiscal e também do Conselho de Orientação. Nos três casos, as decisões colegiadas aconteceram por ampla maioria dos votos.

Este é o terceiro pedido de destituição do presidente, que assumiu a função em janeiro de 2024. Além da solicitação protocolada nesta segunda-feira, há um pedido do Cori devido a questões técnicas das demonstrações financeiras apresentadas em junho de 2024, quando sequer as faturas dos cartões de crédito do clube foram cedidas ao órgão, e também o caso mais avançado, que diz respeito a uma comissão assumida pelo Corinthians a um intermediário que ainda não teve participação comprovada na formalização do contrato do Timão com a VaideBet. A Polícia Civil deve concluir esta investigação ainda neste mês de maio e a votação para o eventual afastamento de Augusto Melo pode ser agendada por Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, a qualquer momento.

À propos de Publisher