
Gazeta Esportiva.com
·1 avril 2025
Na “Academia Hagi”, o Maradona dos Cárpatos forma campeões romenos

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·1 avril 2025
Na “Academia Hagi”, o Maradona dos Cárpatos forma campeões romenos
Um imenso retrato do ‘Regele’ (o rei), como é chamado na Romênia, se destaca na academia fundada por Gheorghe Hagi a poucos passos do Mar Negro, uma recordação do feito da seleção nacional na Copa do Mundo de 1994.
Ele é o exemplo a ser seguido para os 200 jovens que treinam neste complexo: Hagi usava a braçadeira de capitão quando levou os ‘Tricolorii’ ao seu melhor resultado em uma grande competição, as quartas de final, após uma vitória histórica sobre a Argentina.
Hoje, aos 60 anos, Hagi revê sua trajetória extraordinária em uma autobiografia publicada recentemente e sonha com seu país revivendo tempos áureos.
A Romênia não participa de um Mundial desde 1998 e a sua classificação para o de 2026 começou mal, com uma derrota para a Bósnia-Herzegovina (1-0) no dia 21 de março, antes de golear o modesto San Marino (5-1).
Mas Hagi, um dos poucos jogadores a terem atuado no Real Madrid e no Barcelona, está confiante na classificação para a próxima Copa do Mundo. “Tudo é possível”, afirma, se referindo ao lema que ensina aos jovens da academia localizada na sua região natal, Constanta, a duas horas e meia de Bucareste.
Desde a sua criação em 2009, investiu mais de 25 milhões de euros (cerca de R$ 155 milhões) neste projeto com resultados promissores.
Dezenas de ex-alunos chegaram à primeira divisão romena e nove deles – incluindo seu filho Ianis – contribuíram para a campanha mais do que honrosa dos Tricolores na Eurocopa da Alemanha, em 2024.
É a sua “maior conquista”, gosta de destacar sobre a academia, lembrando que no ano passado 60% dos gols e assistências decisivas da seleção romena foram obra de seus pupilos.
Depois de se aposentar em 2000, após vestir a camisa da seleção de seu país em 124 ocasiões, o meia-atacante com um privilegiado pé esquerdo comandou brevemente como técnico a sua seleção (2001), antes de dirigir os times turcos Bursaspor (2003) e Galatasaray (2004-2005 e 2010-2011).
Entre suas passagens pela Turquia, treinou equipes do campeonato romeno, como Timisoara (2006) e Bucareste (2007), mas, durante alguns anos, permaneceu em Constanta, dirigindo o Viitorul (2014-2020) até a sua fusão com o Farul (em 2021), que levou à elite do futebol romeno, sendo também seu proprietário e presidente.
Distribuída por 17 hectares e equipada com 13 campos de futebol, a sua academia não fica atrás dos grandes centros de treinamento de outras partes do continente, neste país que está entre os mais pobres da União Europeia.
Para os quase 200 jovens que frequentam aulas no local, incluindo 70 residentes em tempo integral, Gheorghe Hagi queria um lugar que permitisse que se afirmassem, superassem “todos os complexos de inferioridade” para alguém que nunca suportou a condescendência das grandes nações em relação ao futebol romeno.
Seu método se baseia em “Não insistir nos erros”, mas sim focar “nos progressos alcançados” a cada dia, conforme explicou à imprensa reunida no dia 5 de fevereiro para comemorar seu 60º aniversário.
A sua voz é forte e o seu temperamento, muitas vezes colérico no campo, se faz presente, mas aqueles que o cercam o admiram pelo seu “coração de ouro” e pela sua “bravura”.
Ele deu uma oportunidade aos jogadores mais jovens quando a formação “não era uma prioridade” na Romênia havia muito tempo, disse o técnico Cristian Camui à AFP.
Hagi não respondeu a um pedido de entrevista.
Entre os jogadores mais promissores está Iustin Doicaru, de 18 anos, que diz ter aprendido “a aguentar” a pressão e a superar “os momentos mais difíceis”.
Contratado pelo FC Farul, ele relembra o primeiro gol pela equipe em dezembro de 2024 e os parabéns do seu ídolo, a quem considera “o melhor jogador” da história do futebol romeno.
Na academia existe um museu para recordar a carreira de Hagi: lá estão expostos troféus, camisas e chuteiras e em breve poderá se juntar à coleção a ‘Estrela da Romênia’, a mais alta distinção do país, que o ídolo recebeu este mês no palácio presidencial, emocionado como um menino.
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