
Calciopédia
·15 mai 2025
O Bologna superou o Milan e conquistou a Coppa Italia após 51 anos de jejum

Calciopédia
·15 mai 2025
A final da Coppa Italia, realizada no dia 14 de maio de 2025, no estádio Olímpico de Roma, ficará eternamente na lembrança e no coração de cada torcedor do Bologna. Com uma vitória consistente sobre o gigante Milan, em partida que ratificou quão mais sólido foi o seu desempenho ao longo da temporada, os rossoblù conquistaram seu primeiro título de grande relevo desde a década de 1970 – mais especificamente desde 1974, há 51 anos. Foi a terceira vez que os emilianos levantaram a taça da competição em sua história.
Sob o comando de Vincenzo Italiano, que enfim se saiu vitorioso, após três finais perdidas com a Fiorentina, o Bologna demonstrou ser um time extremamente sólido em seu estilo de jogo, aprimorado em relação aos tempos de Thiago Motta. Além disso, vale ressaltar a entrega e determinação de cada jogador do elenco. Para se ter ideia, o capitão Ferguson, mesmo depois de sofrer uma lesão facial em dividida com Rafael Leão, permaneceu em campo e foi fundamental para a organização tática dos emilianos. Estes dois fatores são alguns dos aspectos que fizeram com que os rossoblù voltassem a faturar um título da maior relevância após cinco décadas em que as principais conquistas fossem da terceirona e da segundona nacionais e a extinta Copa Intertoto, competição de acesso à Copa Uefa.
No Milan, a situação, que já não era boa, conseguiu piorar. A derrota representa mais do que a perda de um título. Os rossoneri, por mais que tenham vencido a Inter e faturado a Supercopa Italiana, no começo do ano, ainda temem não se classificar para nenhuma competição europeia na próxima temporada. A pressão aumenta ainda mais sobre o técnico Sérgio Conceição, que não irá permanecer no cargo em 2025-26 – a oficialização será feita ao fim da Serie A. Ademais, jogadores importantíssimos tiveram atuações apáticas, como Pulisic e Reijnders, sem falar em Rafael Leão, que perdeu a posse no lance que levou ao gol do Bologna. Posturas que refletem o momento instável do clube, maltratado por uma diretoria amadora.
No início da partida, numa das raras chances do Milan, Skorupski se mostrou muito atento (Ciancaphoto Studio/Getty)
No clima de tensão que pairava no Olímpico antes de a bola rolar era possível perceber com clareza o comportamento de cada torcida. Se, por um lado, o otimismo milanista de “salvar minimamente a temporada” estava presente, do outro havia um sentimento de esperança bolonhês — mas também de incertezas, pelo grande jejum de títulos. Ambas as organizadas fizeram uma festa belíssima em Roma, com mosaicos e gritos de incentivo para seus respectivos times.
Logo de partida, chamou atenção o duelo particular entre os dois principais meio-campistas de Milan e Bologna: Reijnders e Freuler, cada um organizando e orientando sua equipe ao seu estilo. O Bologna gostava de ter mais a posse da bola, enquanto os rossoneri preferiam arriscar jogadas em contra-ataques velozes, explorando a habilidade do talentosíssimo Rafael Leão. E a primeiro lance de perigo foi do time de Milão. Aos 3 minutos, Jiménez finalizou para fora, depois de uma boa articulação do português. No entanto, foi praticamente uma das únicas boas chances do Diavolo em toda a partida.
Aos 6, o Bologna deu claros sinais de que não abdicara de seu estilo e não sentiria medo de atacar os rossoneri, em chute colocado de Ferguson para fora. Dois minutos depois, em falta cobrada por Miranda, a bola passou por Castro e Maignan fez uma grande defesa, mesmo dando rebote na sequência e levando sorte de a pelota ter tocado em Fabbian e saído. Aos 10, os rossoblù quase colocaram tudo a perder: depois de boa jogada pela direita, Skorupski salvou o seu time com duas defesas impressionantes. A primeira, em um corte malsucedido de Beukema, e a segunda em finalização rápida de Jovic.
No início do segundo tempo, Ndoye marcou o gol que encerrou o jejum do Bologna (NurPhoto/Getty)
Até o final da primeira etapa, ocorreram poucas chances de gol também para o Bologna. Aos 25 minutos, Miranda cobrou escanteio curto, recebeu de volta e finalizou de primeira, mas de maneira fraca e sem perigo. Nos momentos finais, aos 42, Maignan salvou o Milan após defender cabeçada despretensiosa de Holm, em dois tempos. Contudo, ainda houve polêmica nos acréscimos. Em contra-ataque puxado por Rafael Leão, Ferguson parou o jogo com uma entrada forte e recebeu amarelo – enquanto sangrava, pois foi atingido no rosto pela chuteira do milanista. Ao mesmo tempo, os jogadores rossoneri pediam incessantemente o cartão vermelho para Beukema, por uma cotovelada em Gabbia. O árbitro Maurizio Mariani e o VAR não entenderam como lance digno de expulsão.
No segundo tempo, os times permaneceram os mesmos, e o Milan voltou ainda mais disperso. O Bologna não tinha nada a ver com a situação dos rossoneri e partiu para cima. A jogada decisiva e catártica saiu aos 52 minutos, com início no meio de campo. Freuler conduziu a bola e passou para Orsolini, que tentou finalizar e foi barrado pela zaga milanista. Porém, a pelota sobrou para Ndoye, que driblou e finalizou sem chances de defesa. O marcador estava aberto em Roma.
O que restou ao Milan foi atacar a todo custo – mas sem qualquer perigo. Fofana, Jovic, João Félix e Giménez tentaram, mas Skorupski não era exigido. Os rossoneri insistiam, mas sem grande objetividade, e se ressentiam pela omissão de Hernandez, sumido da partida.
Festa para Italiano, o capitão De Silvestri e Orsolini, peças importantes para a reconstrução do Bologna (Getty)
O Bologna começou a apostar em jogadas despretensiosas, mesmo que a intenção de Italiano fosse se defender ao máximo para assegurar o resultado positivo. Castro arriscou finalização de longe e quase surpreendeu Maignan, aos 71 minutos. Já aos 76, Ndoye pegou de primeira e mandou para fora, após pressão de Castro em um arremesso lateral rossoblù. De fato, o Milan não conseguiu ameaçar o adversário e quem teve a última chance de toda a partida foi o time emiliano, com Odgaard.
Com gol histórico de Ndoye e atuação consistente, o Bologna conquistou sua terceira Coppa Italia, se classificando à Liga Europa, e encerrou um jejum de mais de meio século. Sem dúvida, uma das páginas mais marcantes dos 115 anos de história do clube, que retomou um projeto ambicioso desde que foi adquirido pelo ítalo-canadense Joey Saputo, no início da década de 2010. Muita festa na capital da Emília-Romanha e, principalmente, na Piazza Maggiore, principal praça da cidade. Agora, os rossoblù voltam a concentrar suas atenções na Serie A, onde ainda é possível – embora difícil, nas duas rodadas que restam – alcançar uma vaga na Champions League.
Já o Milan amargou o seu décimo vice-campeonato no torneio (um recorde) e a ampliou seu jejum para 22 anos sem um título no mata-mata nacional. A partir de quinta, o Diavolo viverá os últimos momentos de sua melancólica temporada e sabe que terá que apostar todas as fichas no duelo contra a Roma, vital para que as diminutas chances de disputar alguma competição europeia sigam vivas.