Jogada10
·5 Mei 2025
Allano se manifesta sobre caso de injúria racial: ‘Precisamos de justiça’

Jogada10
·5 Mei 2025
“Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel dentro de um espaço que deveria ser de celebração, respeito e igualdade. Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável. Não vou me calar. Não por mim apenas, mas por todos os que já passaram por isso e por aqueles que ainda lutam para que esse tipo de violência acabe de vez. O futebol, como a sociedade, precisa dizer basta ao racismo. Precisamos de justiça, responsabilidade e, sobretudo, empatia. Agradeço ao Operário pelo apoio, aos meus companheiros de equipe, a minha família e a todos que têm se solidarizado comigo neste momento. A luta contra o racismo é de todos nós, e ela não vai parar enquanto houver injustiça”, escreveu.
O meia Miguelito, do Coelho, foi preso em flagrante após ser acusado de proferir injúrias raciais contra o atacante Allano durante a partida. A denúncia partiu do próprio jogador, com testemunho do volante titular do clube paranaense.
Allano e Miguelito discutem durante confronto – Reprodução
A agressão verbal ocorreu aos 30 minutos do primeiro tempo, logo após uma disputa de bola e marcação de falta em favor do time paranaense. O boliviano teria se dirigido a Allano com a expressão “preto do caral**” em meio a um desentendimento no lance, conforme relatos da vítima e do volante Jacy, que testemunhou o caso.
Assim, o árbitro Alisson Sidnei Furtado interrompeu a partida no momento da denúncia e cruzou os braços em forma de “X”. Ou seja, acionando o protocolo antirracista recém-implementado pela Fifa e CBF. A partida, então, ficou paralisada por cerca de 15 minutos antes de ser retomada sem aplicação de sanções imediatas a Miguelito. O atleta acabou substituído, por opção técnica, no intervalo.
A Polícia Militar conduziu Miguelito, Allano e Jacy até a sede da 13ª Subdivisão Policial para colher depoimentos. Após ouvir os envolvidos, a Polícia Civil decretou a prisão em flagrante do jogador do América-MG, com base na Lei nº 7.716/1989 — que trata dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. A pena para esse tipo de crime pode chegar a cinco anos de reclusão.
O delegado Gabriel Munhoz esclareceu posteriormente que os depoimentos colhidos continham informações suficientes para caracterizar o flagrante, ainda que as câmeras da transmissão não tenham registrado o momento da fala. A defesa do Operário, inclusive, solicitou novos registros aos canais de transmissão a fim de tentar obter imagens de outros ângulos, visto que ele aparece de costas nas primeiras, para comprovar o ocorrido.
Miguelito permanece sob custódia e aguarda a realização da audiência do caso. Até o momento, nem a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e tampouco o América-MG emitiram posicionamento oficial sobre o caso.
Conforme registrado na súmula, nenhum membro da equipe de arbitragem presenciou ou escutou o ocorrido.
Em nota, o clube paranaense lamentou a continuidade de partida após o acionamento do protocolo antirracista. “Allano denunciou falas racistas do camisa 7 do América-MG à arbitragem. O árbitro Alisson Sidnei Furtado fez um X com os braços e resolveu retomar a partida sem alterações”, dizia um trecho do comunicado. O Operário afirmou que está prestando todo apoio necessário ao atleta.
Torcedores do Operário demonstraram indignação com o ocorrido em meio à paralisação do jogo e arremessaram um copo com líquido dentro em direção ao banco de reservas do Coelho. Um dos protestantes acabou localizado e retirado do estádio pela polícia local.