Zerozero
·5 Februari 2025
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·5 Februari 2025
No dia em que celebra 40 anos, o Canal 11 lançou uma entrevista exclusiva a Cristiano Ronaldo, avançado do Al Nassr e capitão da seleção nacional, onde este abordou vários temas da carreira, presente e futura.
40 anos e a jogar: «Há 10 anos diria que jogava até aos 34/35. Mas as coisas vão andando, o corpo ainda consegue corresponder. Acho que isso é o mais importante. Digo sempre aos meus amigos que jogar futebol a partir dos 35 é viver o presente. Fazer 40 anos e ainda jogar, marcar e fazer a diferença tem sido um desafio bonito»
Pioneiro na longevidade desportista: «Não vou dizer que fui pioneiro, mas ajudei na forma de ver a longevidade nos desportos em geral, a terem mais anos de máximo de carreira. Fico contente de passar esta mensagem positiva a esta nova geração. Tudo é possível. Ser inteligente à tua gestão profissional e pessoal é difícil, mas é possível»
Dia na vida de Ronaldo: «Um dia meu, normal, ativo. Acordo às 8h30, os treinos são sempre de manhã. Tomo o pequeno almoço com a minha senhora, os meus filhos vão para a escola, venho para o treino. O almoço é obrigatório. À tarde costumo descansar, mas às vezes há trabalhos para fazer. Tento fazer uma segunda recuperação em casa, estar com os meus amigos, fazer outras atividades e outros desportos, como hobby. Janto cedo com os meus filhos, porque saem cedo para a escola. Às 20/21h já estou tranquilo. Tento levar as coisas sem stress. Há dias com mais stress, mas estáveis»
Acompanhamento dos filhos: «Tento acompanhar o crescimento dos meus filhos. Onde quer que esteja, a família tem que estar perto. Ajuda a concentrar. Esta geração é diferente da nossa. Eles têm as suas referências. O meu filho Mateo gosta de futebol americano, que não tem nada a ver com futebol. O mais velho está completamente focado no futebol, mas gosta de conviver com os amigos e deitar tarde. As meninas têm saudade de Espanha. É um desafio constante. No somatório é muito bonito estar perto deles»
Jogar com o filho: «Gostava ainda de jogar com o Cristiano. Mas não é algo que me tire o sono. Está mais nas mãos dele. Os anos estão a passar. Obviamente que vou ter que deixar o futebol um dia. Os anos que estou a estender, não dará mais a certa altura, física e psicologicamente. Não é uma obsessão. Serei pai orgulhoso daquilo que quiser fazer, seja qual for a profissão.»
Prazo de final de carreira: «Não estabeleço prazos. Depende muito como vives o momento presente. Há uns anos para cá tenho aprendido que na vida não se pode fazer planos a longo prazo. Eu, pelo menos, faço tudo a curto prazo. Tive experiências no futebol e vida pessoal que me fazem pensar assim. O que Deus nos planeia para o futuro, só ele sabe»
Mundial 2026: «Não me falta nada, sinceramente. Concretizei o sonho de ganhar algo com a seleção. Não seria justo da minha parte dizer que me falta um mundial. Estou gratificado pelo que conquistei dentro e fora do futebol. Se vier por acréscimo, aqui estarei feliz e orgulhoso. Não vejo como uma meta. Obviamente gostava de jogar no Mundial, mas não sei se jogarei. Nunca se sabe. Até lá falta ano e meio, muita coisa vai acontecer. É viver o momento. Se estiver em boa forma e o mister quiser a minha ajuda, sei que sou uma mais valia. Gostava»
Consome futebol na televisão: «Vejo pouco futebol. Não vejo muita televisão. Gosto de ver séries. Acompanho e tento acompanhar o futebol português, italiana e inglesa, principalmente. Mas não sou fã. Se der e coincidir, vejo. Tento acompanhar o Manchester United, que é um clube que gosto, como o Sporting. Não sofro»
Atualidade do Sporting: «Está a fazer uma época parecida à época passada. Tem sido constante. Teve ali um momento menos bom com a saída do Amorim, mas acho que a estrutura está tão bem organizada...Mesmo este novo treinador tem demonstrado ser muito bom. Trincão e Gyokeres têm estado num nível muito alto. O que mais espero é que sejam campeões»
Pensou em regressar ao Sporting? «Nunca me passou pela cabeça regressar ao Sporting. Acho que não faz sentido. A minha etapa em Portugal foi para iniciar. Não é que não goste do futebol em Portugal ou ache que não tem qualidade. Tudo tem um tempo e um limite»
Profissão futura no futebol: «Dono. Ser dirigente de um clube não tem sentido nenhum. Se tenho oportunidade de ser dono, porque serei dirigente, CEO ou o que seja? É o meu sonho e tenho a certeza que vou ser .A vida permitiu-me pensar nesses grandes voos. Onde? Depende das oportunidades. O negócio é assim. Espero ter vários clubes.»
Paixão pelos negócios: «Ganhei ao longo da carreira. Foi sempre algo que me motivou. Graças a Deus tenho à minha volta quem pense como eu. Faz sonhar. Gosto muito do negócio. Estou a aprender e a diversificar a minha maneira de ver a vida e oportunidades de negócio. Acompanho quem está à minha volta e gosto. É algo que tenho como passatempo: aprender áreas que não domino. No futebol é difícil aprender algo novo. Noutras áreas tenho tudo para aprender. Um pouco no futebol, ter clubes, mas 90 por cento fora.»
Primeira memória do futebol: «Paixão. É a mais importante. Sem isso, não vale a pena. As pessoas têm paixão por ver o jogo, por ver o Cris de perto e a marcar. Isso é a minha motivação. Essa paixão nasceu em pequeno, na Madeira ou Sporting. Mas é mais de gostar do que faço há 20 e tal anos. Não é igual ao que sentia com 20 anos, mas ainda sinto a paixão de fazer um treino de finalização, de competir. Sei que vai acabar eventualmente, mas pouco me importa. Mesmo jogando contra alguém contra nunca joguei, ainda sinto a adrenalina. Já não preciso do futebol a nível financeiro, mas é a paixão que ainda me move. Sei que vai acabar, por isso é desfrutar até à última gota. Depois, haverá outro capítulo, numa zona diferente do futebol»
Críticas: «Fazem parte. Ainda bem que há crítica, porque assim há evolução e crescimento. Não conheço nenhum fora de série e não tenha crítica.»
Prenda nos 40 anos: «Estar com a minha família e amigos. Ter um dia especial. A nível material não preciso de nada. Ficam os momentos e memórias. A família, amigos e conhecidos é o mais importante.»