João Pereira, o «<i>ranhoso</i>» que oferece continuidade a Alvalade | OneFootball

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·1 November 2024

João Pereira, o «<i>ranhoso</i>» que oferece continuidade a Alvalade

Gambar artikel:João Pereira, o «<i>ranhoso</i>» que oferece continuidade a Alvalade

«Há muita gente que diz que eu dei tudo o que tinha e o que não tinha, mas isso não chega. Um clube como o Sporting precisa de títulos e eu não dei títulos suficientes. A maior mágoa que tenho no futebol é essa.»

A citação que abre este artigo pertence a João Pereira e foi proferida na entrevista que concedeu ao zerozero, pouco depois de pendurar as botas. Disse, então, não ter pressa para chegar ao sucesso como treinador, mas eis que apenas três anos depois parece estar muito perto de assumir o leme leonino, no que será uma oportunidade para atacar questões pendentes e apagar mágoas antigas.


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Não falamos de uma cópia de Rúben Amorim, muito menos de um discípulo, mas os adeptos do Sporting podem esperar algumas semelhanças entre os dois. Seguiram, afinal, percursos semelhantes, com futebol profissional, seleção e sonhos de instrução, desde uma infância em que travaram amizade. É também por isso apropriado que o treinador da equipa B, que regressou a Alvalade por convite desse antigo amigo, seja agora o seu sucessor...

Leão convertido continua a regressar

A 19 de maio de 2021, dia em que foi titular no último jogo da campanha vitoriosa do Sporting, João Pereira emocionou-se à saída do relvado e pouco depois anunciou o fim da carreira de futebolista. «O Sporting é um clube que aprendi a amar», disse, depois do apito final. Não foi sequer a primeira vez que disse algo semelhante.

Tal como o seu antecessor, não cresceu com a camisola verde e branca. Fez até formação no Benfica e foi desse lado encarnado da cidade que começou a jogar profissionalmente. Houve Gil Vicente e SC Braga no currículo, antes de uma transferência para Alvalade em janeiro de 2010. Foi no covil do leão que atingiu o melhor nível, chegando pela primeira vez à seleção, onde faria 40 internacionalizações e duas fases finais como titular.

Rumou à La Liga, pelo Valencia, depois de dois anos e meio nesse clube em que conquistou os adeptos e foi conquistado de volta. Em 2015/16, com Jorge Jesus aos comandos, regressou para mais uma temporada e meia, conseguindo no processo o seu primeiro título pelo clube - uma Supertaça. Quatro anos depois, regressou de vez.

Foi surpreendente, essa transferência consumada em janeiro de 2021. O Sporting estava em primeiro lugar com Pedro Porro em grande na lateral direita, mas eis que João Pereira, já veterano e afastado do plantel do Trabzonspor, foi a solução para dar experiência à equipa. À chegada para essa terceira passagem, Amorim explicou a escolha e colou uma nova alcunha: «É uma pessoa que conheço bem, com um caráter muito forte. Tem rotação e coração. É muito ranhoso, por isso encaixa na nossa ideia.»

A versão de João Pereira dessa sua última transferência, construída à última hora quando já tinha tudo encaminhado para rumar a outro clube turco, é bem mais concisa, mas igualmente elucidativa: «aconteceu um conto de fadas».

Não é Amorim, mas segue a mesma estrada

Então Rúben Amorim já nessa altura conhecia bem João Pereira? Na verdade, a ligação entre os dois começa antes. Bem antes...

Conheceram-se em 1994/95, quando integraram o plantel de escolinhas do Benfica. Tinham apenas 10 anos, mas forjaram uma amizade que durou muitos anos. Fora dos relvados, onde na infância passavam juntos as férias, mas também dentro do campo! Defrontaram-se várias vezes como séniores, mas mais vezes ainda alinharam juntos, sendo que a última foi também a mais importante: ambos titulares frente ao Gana (2-1) no Mundial do Brasil.

Essa velha amizade, aliada ao facto de Amorim ter sido o último treinador de João Pereira, pode muito bem ser a chave para suavizar uma transição que promete ser difícil. Ou pelo menos essa é a ambição de Frederico Varandas, que já há algum tempo olha para o antigo lateral direito como o seu próximo treinador principal.

João Pereira, atualmente treinador da equipa B após ter comandado também os sub-23, tem retirado inspiração da equipa principal e montado as suas equipas num 3-4-3 muito semelhante. É igualmente exigente com os seus jogadores e interessado no que há lá fora em termos de ideias e tendências no treino desportivo. Líder forte, expansivo, embora não tão equilibrado na comunicação - o temperamento que já tinha como jogador está ainda em desconstrução.

Mas se a maior mágoa dos tempos de jogador é não ter dado títulos suficientes ao Sporting, vai bem a tempo de remediar a situação. Não há espaço para o fracasso, tanto pela exigência de um clube cada vez mais acostumado ao triunfo, como pela exigência que vem de dentro e até da própria casa, onde a esposa preenche as estantes com livros e pede ao marido que seja o melhor.

A entrevista a João Pereira, publicada a 14 de outubro de 2021:

Seria necessário muito contorcionismo mental para encarar a saída de Rúben Amorim como um positivo para o Sporting, dada a evidente qualidade do que estava a ser construído por esse treinador preparado a vestir a pele de red devil. Ainda assim, os adeptos verde e brancos têm em João Pereira um candidato válido ao cargo e a palavra-chave é a que se exige neste momento: continuidade.

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