Zerozero
·21 Januari 2025
Zerozero
·21 Januari 2025
Caro leitor, há pouco mais a dizer que não seja "de loucos". Noite de trovões e de chuva de golos na Luz, esta terça-feira. O Benfica perdeu (4-5), mas só se pode orgulhar da exibição neste confronto único, que será para ser lembrado por quem o assistiu. É isto que acontece quando sete Ligas dos Campeões entram em campo.
Um mês depois, no regresso da prova milionária, Bruno Lage sentou Leandro Barreiro, o grande destaque do encontro da passada sexta-feira, e Ángel Di María, recuperado recentemente de lesão. Fredrik Aursnes e Kerem Aktürkoğlu foram as escolhas iniciais.
Do lado visitante, Hans-Dieter Flick "surpreendeu" na baliza. Aposta na Copa del Rey e na Supertaça espanhola, Wojciech Szczesny voltou ao banco no passado fim de semana, na LaLiga. Contudo, sem fazer prever, foi chamado à ação em Lisboa - se Flick soubesse o que sabe agora...
Era impossível pedir um melhor começo de jogo. O primeiro apito de Danny Makkelie deu início ao espetáculo de variedades. Lamine Yamal foi o dono do primeiro remate enquadrado, que aqueceu os ânimos antes da Luz explodir.
Tomás Araújo - descaído para a direita, como tem sido hábito - não marcou nem assistiu, mas foi o grande obreiro do primeiro golo. Com uma qualidade de passe superior à média entre os colegas de setor, o defesa virou o flanco com mestria. Passe com conta, peso e medida para a locomotiva Carreras - jogo irrepreensível do espanhol -, que só teve de cruzar para Pavlidis fuzilar a baliza.
Daí em diante, a loucura, caro leitor. Cada passe, corte, interceção... Era tudo festejado pelas emotivas bancadas, num ambiente de loucos, a fazer justiça à grandeza da noite.
Em desvantagem, o Barcelona procurou o seu jogo, mais pausado e pensado. Com o passar do tempo, a procura deu frutos e o vice-campeão espanhol conseguiu viver períodos nas imediações da área encarnada.
Nesse sentido, nasceu a grande penalidade do empate. O VAR descobriu o pisão de Tomás Araújo a Baldé na área de Trubin e Lewandoski, chamado a converter, não tremeu.
Numa altura de maior indefinição no resultado, a equipa precisava, sobretudo, que o ambiente sentido no estádio não se esfumasse e desse lugar a uma onda de desconfiança disfarçada de medo. Tal coisa não aconteceu. O apoio vindo das bancadas continuou e contou com a preciosa ajuda de... Szczesny.
Noite para esquecer do guarda-redes polaco. Desastre total do homem que estava somar os primeiros minutos sob o escudo do Barcelona. Primeiro, saiu disparatadamente, chocou com Baldé - que tinha o lance controlado - e deixou a baliza aberta para Pavlidis encostar. Depois, rasteirou Akturkoglu na grande área; apesar das dúvidas, a grande penalidade foi assinalada e, assim de fininho, Pavlidis rubricou um histórico hat-trick. O azar de uns é mesmo a sorte de outros.
Até ao descanso, o conjunto da Catalunha voltou a encostar-se ao balcão da área adversária, mas sem grande perigo. Por isso, a preciosa vantagem encarnada seguiu para os balneários.
A partida foi reatada e manteve os índices de entusiasmo. A formação culé tentou carregar e até incorporou mais vezes os laterais no ataque; em contrapartida, ficou mais descoberta atrás, o que permitiu à águia sair rápido para o ataque.
Aursnes parecia ter açúcar na ponta da bota e mostrou facilidade em descobrir colegas em posições privilegiadas; na hora de finalizar, o brilhantismo não foi o mesmo - dispôs de uma grande ocasião, mas o remate ficou embrulhado no último defesa.
A falha na finalização, contudo, foi o lance mais "normal" de uma segunda parte caótica. Passamos a explicar: com a subida do Barcelona no terreno, a pressão blaugrana intensificou-se por consequência.Por isso, uma tentativa de passe longo por parte de Trubin encontrou a cabeça de Raphinha à entrada da área, que, sem grandes intenções de o fazer, endereçou a bola para o fundo das redes.
Nova trapalhada aconteceu três minutos depois. Schjelderup apareceu na grande área, pela esquerda, e tentou servir Pavlidis, para o eventual póquer; na tentativa de cortar, Araújo acabou por desviar o cruzamento para a própria baliza. Este jogo viu de tudo...
Com a vantagem de dois golos a reaparecer no marcador, voltou a surgir o pressing espanhol. Com a presença em zonas mais sensíveis, caiu do céu nova grande penalidade - contestável, uma vez mais. Lewa, assim, chegou ao bis e prometeu jogo até ao final.
A promessa cumpriu-se! Num canto, já perto dos 90 minutos, Eric García aproveitou a frescura nas pernas para saltar mais alto que todos e, de cabeça, empatar o jogo. Contudo, imagine-se, a emoção não ficou por aí. Pouco depois, numa saída rápida, Di María ficou completamente sozinho na cara do guarda-redes polaco; depois de tantos erros, uma espécie de redenção por parte de Szczesny.
Redenção que serviu - e de que maneira. No tudo por tudo, o Benfica deslocou-se até à área adversária; Barreiro caiu e com isso nasceram os pedidos de grande penalidade - parecia, da tribuna de imprensa, clara. O árbitro nada assinalou e, na continuação do lance, Raphinha aproveitou todo o espaço do mundo para fintar um adversário que ia em desespero e chutar para o 4-5 final. O VAR ainda analisou o lance, mas nada feito e o apito final surgiu pouco depois.
No final, apesar dos zero pontos, ficou a positiva amostra de qualidade e benfiquismo - no campo e nas bancadas. As águias descem, para já, ao 18º lugar, ainda em posição de play-off. O Barcelona garantiu a passagem direta aos oitavos.