Trétis
·14 Januari 2025
Trétis
·14 Januari 2025
Ainda sem qualquer contato oficial do clube, as jogadoras do time feminino do Athletico tiveram que saber da descontinuidade da categoria através das redes sociais e mensagens de WhatsApp enviadas pela comissão técnica, que recebeu a demissão, durante as férias, dias antes do natal. As atletas ainda estão postando suas despedidas do clube em suas redes.
Diante de tamanho descaso, Ellen Nogueira, meio-campo da equipe, decidiu escrever uma carta aberta (com apoio e em nome de todo o elenco) diretamente ao clube, se posicionando e relatando como se sentem desrespeitadas pela forma como tudo vem sendo tratado, pelo descaso com todos os profissionais envolvidos e a falta de respeito com o futebol feminino. Relatam, ainda, a falta de interesse da diretoria pela equipe já demonstrado internamente e a falta de respaldo que o Athletico vem apresentando com elas.
Toda situação tem sido lamentável por um clube que se diz profissional tratar dessa forma anti-profissional com suas atletas, que – com razão – merecem ser tratadas com mais respeito.
Confira a carta na íntegra:
CARTA ABERTA AO CLUB ATHLETICO PARANAENSE
Sendo bem sincera, pensei mil vezes antes de escrever este texto e falar sobre essa situação. No entanto, acredito que devo me pronunciar também sobre esse assunto. Sabemos que nós, atletas da equipe feminina, temos “um peso maior” e, devido à visão interna que temos, é importante assumir esse posicionamento.
A decisão de acabar com o time feminino, motivada por uma irresponsabilidade da equipe masculina principal, representa um total descaso conosco. Estamos pagando o preço por algo que não é nossa responsabilidade. Infelizmente, desde o início, devido à falta de interesse dos responsáveis pelo clube em relação à nossa equipe, já imaginávamos que algo assim poderia acontecer. Era evidente para nós que, caso o time masculino caísse para a Série B, o time feminino seria tratado como dispensável.
Sempre ficou muito claro que o clube mantinha a modalidade feminina apenas por obrigação. Quem realmente se dedicava e buscava soluções para nós era a Renata (supervisora). Contudo, essa situação estava fora do alcance dela e de qualquer esforço que pudéssemos fazer.
Isso nos causa indignação – em nós, atletas, na comissão técnica e, acredito, em todas as pessoas que apoiam o futebol feminino. É extremamente triste para a modalidade constatar que ainda existem clubes que mantêm o futebol feminino apenas por imposição e não por valorização.
O descaso, no entanto, não termina aí. A falta de respeito com nós, atletas, continua. Até agora, não fomos oficialmente comunicadas por ninguém do clube sobre o encerramento da modalidade feminina. O mínimo que esperávamos era um respaldo formal, que nos permitisse nos posicionar adequadamente sobre essa decisão.
Não é aceitável que simplesmente saíamos de férias e descubramos, por redes sociais “não oficiais”, o fim da nossa equipe. Nem sequer houve uma mensagem no grupo de WhatsApp, onde estão presentes todas as atletas e a comissão técnica. Essa seria uma forma menos desrespeitosa de tratar um assunto tão grave.
Enfim, ainda falta muito – muito respeito, consideração e empatia com o futebol feminino. Nós merecemos mais.