Eles vestiram-se de preto de luto no passado e partilharam a dor | OneFootball

Vou deixar a Opinião da Irene Palma na qual concordo.

Nos dias de hoje, quanto vale uma amizade? Quanto vale ter ao nosso lado alguém com quem sabemos que podemos sempre contar? Aquele alguém a quem podemos recorrer sempre para desabafar, para partilhar uma conquista e para chorar, quando nos sentimos perdidos e sem saber qual o melhor caminho a escolher?

Por estes dias houve um momento único de celebração que alguém quis partilhar ao lado daqueles com quem cresceu lado a lado. Aqueles que, ainda sem barba e sem acesso ao grandes palcos, sonharam juntos que um dia quando fossem homens iriam ser grandes no futebol.

Juntos, em criança, choraram as saudades que tinham de casa. Do colo da mãe. Do calor do lar. Juntos fizeram horas a fio de treinos com a camisola do Benfica e foram celebrando conquistas, à medida que iam ganhando idade.

Foi de braço dado com a amizade, numa espécie de ligação umbilical, que se afirmaram no futebol profissional do Benfica.

Quando saíram das suas terras e o Seixal se tornou casa foi em cada um que encontraram forças para não desistir.

Quando o Gonçalo sofreu, os amigos estavam lá. O António chorou a morte do avô amparado pelos amigos de sempre. As dores das lesões do Tomás e do Tiago são debeladas com a ajuda dos amigos. O mundo do João desabou com a morte da mãe mas eles não o deixaram cair. Estiveram sempre lá. Choraram com ele. Partilharam a dor. Foram o apoio de sempre. Estiveram com ele nas longas horas de sofrimento e agora não podiam estar com ele no momento de celebração?

Poupem-nos!

Amizades destas são essenciais.

Ainda para mais nos dias de hoje.

Numa altura em que há tanta coisa artificial e calculada, deixem-nos só ser puros.

As camisolas que o Tomás Araújo, o Tiago Gouveia e o António Silva vestiram não foram as camisolas do PSG, que pode ser adversário do patrão Benfica na Europa do futebol, onde jogam o Gonçalo Ramos e o João Neves. O Tomás, o Tiago e o António vestiram a pele dos amigos Gonçalo e João num momento único das suas vidas, na final da Liga das Campeões.

Criticar isto por achar que é uma falta de respeito ao Benfica é ver a vida pelo ângulo errado.

Isto nada tem a ver com clubes meus senhores do futebol. Tem a ver com vida.

Eles vestiram-se de preto de luto no passado e partilharam a dor. Todos. Deixem-nos partilhar as alegrias agora e vestidos a rigor.

Assim é a amizade. Querer que eles deixem de ser verdadeiros é escolher o caminho errado da vida.