MundoBola Flamengo
·22 maggio 2025
Se na Copa do Brasil a graça é ver zebra, o Flamengo fez sua parte por um torneio sem graça

MundoBola Flamengo
·22 maggio 2025
Pontos corridos privilegiam regularidade. São várias rodadas, todos contra todos, então mais do que uma exibição de gala aqui e outra ali, você precisa de alta porcentagem de boas partidas, um vasto repertório de jogos de alto nível, se você quiser terminar na frente.
Já no mata-mata, a coisa ganha outros contornos. Você pode fazer um grande jogo em casa e aí amarrar um empate ou até mesmo uma derrota fora, você pode meter os titulares num partida e os reservas na outra, um cidadão pode fazer o melhor jogo da vida dele, outro acabar fazendo o pior, e um favorito cair, um desacreditado passar.
E num mata-mata em âmbito nacional, como a Copa do Brasil, o espaço para o inesperado, o caótico, o surpreendente, cresce mais ainda. São times de Série C enfrentando times de Série A, são equipes de ponta das divisões de cima encarando esquadrões de baixo investimento, é gente que está disputando a Libertadores diante de quem nunca tinha tido uma partida transmitida em âmbito nacional.
São 180 minutos em que absolutamente qualquer coisa pode acontecer, em que um inesperado Davi pode estragar o ano de um Golias, em que projetos milionários caem por terra diante de um atacante que até ano passado nem vivia de futebol, em que a zebra pode não apenas aparecer como trotar com muita tranquilidade pelos mais diversos campos do país. E aí está muito da graça e da magia do futebol.
Então só podemos, é claro, agradecer pelo fato de que o Flamengo, diante do Botafogo da Paraíba, nesta quarta-feira, não quis saber de stand-up, não quis saber de Harry Potter e garantiu que não houvesse graça e nem magia nenhuma nessa terceira fase da Copa do Brasil. Apenas uma classificação rápida, limpa e segura.
Com 22 minutos do primeiro tempo o placar já era 3x0, com direito a gols de Danilo, Pedro e até mesmo Varela, que fez provavelmente uma de suas melhores partidas com a camisa rubro-negra - talvez por ser contra um time de Série C, mas vamos ver o copo meio cheio. O placar final de 4x2, após a vitória por 1x0 fora de casa, garantiu ao rubro-negro uma vaga nas oitavas de final que pode parecer obrigatória, mas pra vários outros clubes da primeira divisão foi bastante sofrida ou até mesmo não veio.
Não que o Flamengo não tenha criado suas complicações, é claro. O primeiro gol da equipe paraibana aconteceu numa incrível lambança onde Henrique Dourado recebeu sozinho, passou por um desorientado Matheus Cunha e, sendo marcado apenas pelo gnomo Michael, empurrou para o fundo do gol. Outro Matheus, o Gonçalves, também teve uma noite no mínimo confusa, sem funcionar bem pelas pontas e nem pelo meio, conseguindo provavelmente garantir uma vaga atrás do ex-exilado Lorran na lista de Filipe Luís.
Mas no geral o que fica é uma classificação segura, com o controle de minutagem funcionando e um Flamengo que se impôs de maneira adequada diante de um adversário inferior. Com um jogo decisivo diante do Palmeiras no fim de semana, esse foi talvez o melhor cenário de preparação possível, seja em termos físicos ou mesmo psicológicos. Que ele possa então fazer a diferença no torneio de pontos corridos onde a regularidade faz a diferença e a equipe rubro-negra não vem conseguindo ser tão regular assim.