Trivela
·02 de setembro de 2021
Trivela
·02 de setembro de 2021
A Líbia precisou esperar oito anos até poder mandar novamente jogos de Eliminatórias da Copa em seu território. O desterro da seleção nacional era apenas uma consequência menor em meio à gravidade da guerra civil no país. Desde março, porém, os líbios receberam permissão da Fifa para sediar partidas em suas cidades. E a abertura da fase de grupos nas Eliminatórias para a Copa de 2022 na África contou com uma excelente vitória dos Guerreiros do Mediterrâneo. Dentro do Estádio Mártires de Fevereiro, a Líbia derrotou o Gabão de virada por 2 a 1, com o tento decisivo anotado aos 44 do segundo tempo. Os líbios não venciam um jogo desde novembro de 2019 – com nove partidas em jejum desde então. Foi uma bela maneira de retomar a história em casa.
Ao longo da última década, raros foram os momentos em que a Líbia pôde organizar partidas internacionais em seu território. O primeiro momento instável no país ocorreu a partir da Primavera Árabe, que desencadeou uma guerra civil em fevereiro de 2011. Com a queda do ditador Muammar Gaddafi, mesmo com as disputas internas pelo poder, a seleção voltou ao território por um breve período em 2013. Os jogos das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014 aconteceram por lá, até que a guerra civil estourasse novamente em maio de 2014 e os líbios fossem proibidos pela Fifa de atuar no país. O conflito provocou cerca de 10 mil mortes em seis anos, além de gerar a fuga de dezenas de milhares de refugiados.
A Líbia rodou por diferentes países como mandante durante os últimos sete anos. Somente em janeiro de 2021 ocorreria uma trégua, com o fim da Segunda Guerra Civil. A paz ainda não é plena, com ataques localizados, mas a estabilidade garantiu o aval da Fifa no início do ano. Com isso, os Guerreiros do Mediterrâneo já disputaram a fase final das Eliminatórias para a Copa Africana de Nações em casa. O estádio escolhido em Benina (nos arredores de Benghazi) é simbólico, já que na cidade aconteceram os primeiros protestos que desencadearam a Primavera Árabe e a queda de Gaddafi. É esta a referência sobre os “Mártires de Fevereiro” no nome da praça esportiva, já que mais de 100 pessoas morreram nos protestos ocorridos no aeroporto local.
A reestreia da Líbia em seu território ficou marcada por uma derrota por 5 a 2 para a Tunísia, sem que o país conseguisse se classificar à Copa Africana de Nações. A vitória sobre o Gabão nesta quarta foi a primeira neste retorno ao país. Mesmo com público parcial, o simbolismo do feito foi perceptível pela vibração. Os gaboneses abriram o placar num belo chute de André Biyogo Poko, mas Ali Salama empatou para os líbios numa cabeçada aos 28 minutos. Durante o segundo tempo, Pierre-Emerick Aubameyang estalou o travessão dos anfitriões. Porém, aos 44, Sanad Al Warfali marcou o gol decisivo. A comemoração ensandecida dimensiona bem o triunfo. Vale lembrar que a Líbia possui um nome de peso em seu banco de reservas: o técnico espanhol Javier Clemente, que dirigiu seu país nas Copas de 1994 e 1998.
O complicado Grupo F também reúne Egito e Angola. Os Faraós venceram os angolanos nesta quarta por 1 a 0, no Cairo. Mohamed Magdy marcou o gol logo aos cinco minutos. Vale lembrar que apenas o primeiro colocado de cada grupo avança para a última fase das Eliminatórias na África. Então, os dez líderes formam cinco confrontos, nos quais apenas os vencedores se classificarão ao Mundial.
Entre os outros destaques desta quarta, Senegal derrotou Togo por 2 a 0 em Thiès. Sadio Mané abriu o placar numa boa tabela e Abdou Diallo complementou o resultado. Os Leões de Terranga estão no Grupo H, o mesmo de Namíbia e Congo. Mali derrotou Ruanda por 1 a 0, em duelo realizado excepcionalmente no Marrocos. Os dois estão no Grupo E, assim como Uganda e Quênia. Sob uma chuva enorme, Cabo Verde empatou na visita à República Centro-Africana por 1 a 1. Os dois concorrem no Grupo C com Nigéria e Libéria. Por fim, numa partida animada, Guiné-Bissau e Guiné ficaram no 1 a 1. As duas se candidatam no Grupo I, de Marrocos e Sudão.