Clube Atlético Mineiro
·06 de abril de 2025
Atlético x São Paulo: coletiva de imprensa com Cuca

Clube Atlético Mineiro
·06 de abril de 2025
O Atlético empatou com o São Paulo em 0 a 0 pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro, no Mineirão. Durante boa parte do segundo tempo, o Galo dominou a partida por completo, mas não marcou gols por encontrar o goleiro adversário, Rafael, em dia inspirado. O técnico Cuca falou sobre o resultado, o contexto da partida, as chances criadas, e também sobre a ausência de Lyanco, expulso nos acréscimos.
Pergunta: O Atlético teve mais oportunidades no jogo, você enxergou que no primeiro tempo não foi tão legal, houve mudanças. Como você avalia esse empate no Mineirão?
Cuca: “Foram dois tempos muito diferentes. No primeiro tempo, nós não encontramos os espaços, não encontramos a marcação, estávamos atrasados, não conseguimos marcar pressão na saída de bola do adversário, que é técnico. O São Paulo teve domínio no primeiro tempo, mas não foi um grande domínio. Até em chances de gol, foi a mesma coisa para os dois, em escanteios também. O São Paulo teve controle maior no meio de campo”.
“No segundo tempo, nós tivemos… Não só as mexidas, mas a atitude foi diferente, e fomos o Galo que estamos acostumados. Tivemos inúmeras oportunidades, salvo engano foram 17 chutes a gol contra um ou dois, no segundo tempo. Domínio total no campo de ataque. Mais uma vez no Brasileiro, o goleiro adversário é o melhor em campo no nosso jogo, foi assim contra o Grêmio e, agora, diante do São Paulo. Fizemos jogadas pelos lados, onde os espaços apareceram. Infelizmente, não foi possível furar o bloqueio do São Paulo, que marcou bem atrás, explorava contra-ataque e teve apenas uma chance”.
“No mais, tivemos domínio total do jogo, dobro de posse de bola, muitas finalizações, e infelizmente não vencemos. Igual eu falo: o que é mais fácil no futebol, corrigir as finalizações ou fazer uma equipe criar? É mais fácil corrigir finalizações. Conseguimos pegar algumas bolas hoje que, se sai um pouco torto, vai aonde o goleiro não pegaria, como as cabeçadas do Lyanco e Junior Santos. Vamos continuar nessa persistência do bom jogo, bom desempenho como foi no segundo tempo, que o resultado irá vir”.
Pergunta: Queria que você falasse sobre o Bernard, talvez tenha feito o melhor jogo dele no segundo tempo. E vejo o torcedor perdendo as esperanças com ele. Como trabalhar para o Bernard seja parecido com aquele jogador de 2012 e 2013?
Cuca: “Você precisa ter confiança para exercer bem qualquer profissão. Imagina você entrar no jogo com o estádio cheio e com a desconfiança do torcedor? Isso já é, naturalmente, difícil. Você já é super bem marcado. O tempo passa. O Bernard de 2013, ele tinha características que, hoje, elas mudam. É automático no ser humano, no atleta profissional. O passar do tempo faz você perder algumas e ganhar outras. E temos que explorar as qualidades que ele tem, que ele absorveu nessa vivência na Europa. Hoje, ele entrou bem, momento difícil do jogo, o Cuello não esteve bem, o que é do jogo. Assim com o Menino, que entrou o Rubens, e o time encorpou. Mas não só pelas trocas, e sim a atitude diferenciada no segundo tempo. Tivemos o domínio total do jogo e, infelizmente, não aconteceu o gol que seria da vitória”.
Pergunta. O nível subiu com o Campeonato Brasileiro. Quero saber se você concorda que o meio de campo do Atlético tem tido menos pegada nesses dois jogos, e se é por conta de característica dos jogadores. Ou você conta com peças que possam suprir essa demanda no elenco.
Cuca: “O nível sobe, sim. Mas a característica do jogador também. Não adianta você querer um time marcador se os jogadores não são marcadores. É preciso se adaptar ao jogador, também. É o que eu faço, dentro do possível. Você não vai mudar a essência do jogador. Ele é aquilo, mas pode fazer algumas coisas pela equipe pelo esforço e entrega a favor da equipe”.
Pergunta: Até que ponto vai a sua participação com relação à responsabilidade de conversar com um jogador tipo o Lyanco, que tem tido grandes apresentações, hoje fez um grande jogo. Mas é totalmente responsável no que diz respeito ao que vem pela frente. Ele faz a mesma falta dentro e fora da área, não tem noção do que pode acontecer. E toma cartões totalmente sem nenhum tipo de explicação, como o primeiro. Hoje ele deu sorte, porque era para ter sido expulso. O Lyanco acha que pode bater em todo mundo e não tem problema…
Cuca: “Concordo com você em algumas partes, em outras, não. Vou tentar explicar. O Lyanco tem a personalidade dele. Se eu vier a tirar a personalidade dele, mais tarde, de repente, vou ter que pedir para ele voltar a ser o Lyanco de antes. E, talvez, não vou conseguir mais. Tenho que ter um limite para isso aí. Hoje ele tomou um cartão amarelo que não pode tomar. Se você empurrar um jogador de frente, você vai tomar o cartão. Na mesma bola, o jogador do São Paulo deu um tapa na mão do Lyanco, para que ele revidasse e levasse o vermelho. Por que? Porque o jogo é assim”.
“Você está dentro de campo, está jogando contra caras tarimbados. Ele sabe desse “déficit” do Lyanco de ter o sangue a flor da pele. E vão buscar em cima disso o segundo cartão para ele. É uma temeridade grande. Foi conversado no segundo tempo sobre isso, de ter o cuidado de não tomar o segundo cartão amarelo. Agora, eu acho que o juiz estava com o apito para terminar no segundo cartão amarelo, e não foi falta para cartão. Não quero falar de arbitragem. Talvez aquela outra que você citou, que não lembro qual é, possa ter sido. Mas é um jogador importante para nós, muito bom. Temos que corrigir algumas coisas dele, mas não podemos, também, podar a característica do jogador e, sim, diminuir o ímpeto dele, isso sim”.
Pergunta: Ainda sobre característica de jogador, sobre o Arana, temos notado que não é o mesmo desde que voltou da lesão, lateral aclamado pela torcida e titular absoluto da Seleção. O que fazer para recuperar o ápice do futebol dele.
Cuca: “Hoje, o adversário colocou o segundo lateral, o Cedric, jogando ali por causa da característica do Arana. Os caras marcam muito ele. No segundo tempo, ele foi uma válvula de escape muito boa. Fez um grande segundo tempo. Se a gente faz 1 a 0, 2 a 0, estaríamos enaltecendo ele e os demais. Eu acho que colocamos um peso muito grande em cima dele, também. “Ah, o Arana não é mais o mesmo…”. Os adversários o marcam com rigor, como eu faria o mesmo. Temos que ter cuidado com isso. Quando o Arana joga igual aos demais, é criticado. Mas eu vejo diferente, vejo a importância dele para o grupo”.
Pergunta: Queria falar de finalização. Na última partida, você disse estar satisfeito com a construção, e o Galo vem construído, foi um bombardeio hoje contra o São Paulo, mas parou no Rafael. Como trabalhar essa situação? É um trabalho específico ou ansiedade dos jogadores? O que fazer?
Cuca: “Eu acredito em tudo. Ontem, no treino, ao invés de a gente fazer o “dois-toques”, fizemos as finalizações, criar espaços para atacar aquele espaço. A partir da característica do teu jogador, de quem vai cruzar ou passar, aquele espaço ser ocupado pelo jogador de frete. Estamos melhorando essa parte da equipe, mas não é o ideal. Se fosse o ideal, teríamos feito dois, três gols hoje. Mas a gente está trabalhando, abrindo mão de alguns treinamentos para fazer, como complemento, essa finalização de criação do espaço. Temos muito a evoluir em relação a finalizar. Se a gente fez 20 e tantas finalizações contra o Grêmio, hoje 25 finalizações, e mais 20 e alguma coisa lá na altitude com o Cienciano, são 65 chances para fazer um gol. Tá bom, os goleiros foram os melhores em campo, mas tem uma hora que ela vai entrar. É treinar em cima disso, persistência, e pegar confiança para fazer o gol”.
Pergunta: Sobre a expulsão do Lyanco, o que muda no planejamento para o próximo jogo? Qual impacto tático?
Cuca: “O Lyanco é um jogador fundamental para nós. A gente tem o Igor Rabello, que está com um pequeno incômodo, e o Vitor Hugo, temos o Rômulo e o Ivan que chegou agora. Vamos pensar bem para suprir bem a ausência do Lyanco. Temos dois, três dias, o jogo no meio da semana com o Iquique, na quinta-feira, de portões fechados. E vamos escolher bem o que faremos, se já mudamos nesse jogo da Sul-Americana, mesmo ele podendo jogar, ou não. Impacto tem, o Lyanco é um excepcional zagueiro, e perdemos muito com a ausência dele”.
Pergunta: Em Porto Alegre, você estava satisfeito com o que a equipe produziu lá. E hoje, qual o nível de satisfação? E qual o grau de satisfação com o elenco?
Cuca: “É bom te responder. Vamos para a casa tristes, era jogo para você ganhar, dado o que aconteceu principalmente no segundo tempo. É um dissabor de empate. O elenco? Quanto mais forte ele for, maior é a chance de vencer campeonatos de 38 jornadas. Estamos na segunda rodada, já perdemos o Lyanco, o que causa dificuldade. Imagina lá na frente, com convocações, lesões e suspensões. Não é aqui que vamos falar de elenco, respeito a sua pergunta, mas estamos dicutindo internamente sobre essa situação, de qualificar ainda mais o nosso elenco. O nosso time é bom, estou satisfeito com o nosso time, só que, quanto mais opções tivermos, melhor”.
Foto: Pedro Souza/Galo
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