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·17 de abril de 2025

Augusto Melo diverge de aliados, se contradiz sobre Cassundé e reconhece transferências em conta suspeita

Imagem do artigo:Augusto Melo diverge de aliados, se contradiz sobre Cassundé e reconhece transferências em conta suspeita

Augusto Melo deu à Polícia Civil, nesta quarta-feira, uma nova versão sobre a sequência de fatos que culminou com o ingresso da Rede Social Media Design LTDA no contrato do Corinthians com a VaideBet, conforme apuração da Gazeta Esportiva.

A narração explicativa do presidente do clube diverge dos depoimentos de Marcelo Mariano, Sérgio Moura e Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé. Portanto, o quarteto levou aos investigadores quatro versões diferentes sobre a mesma negociação que, segundo eles, aconteceu e motivou a citação da empresa como intermediadora do acordo entre o clube e a casa de apostas.


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Um fato comum entre os depoimentos dos quatro personagens é que nenhum deles apresentou à Polícia provas ou evidências de qualquer diálogo sobre o assunto. Augusto Melo, assim como os demais já haviam feito, admitiu que não tem nenhum arquivo com troca de e-mails ou conversas por meio de aplicativos de mensagens e ligações telefônicas. A perda ou a formatação de celulares e computadores, assim como a alteração de números, foram as justificativas levadas ao inquérito pelos investigados.

Após prestar esclarecimentos no Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC, responsável por casos de lavagem de dinheiro), Augusto Melo foi questionado pela reportagem sobre a ausência de provas de que Alex Cassundé teria, de fato, feito a intermediação do negócio com a VaideBet. No entanto, o presidente do Corinthians foi interrompido pelo seu advogado, Ricardo Cury, e orientado a não responder.

CONTRADIÇÃO

A Gazeta Esportiva apurou que uma das divergências do depoimento de Augusto Melo em relação aos relatos de Marcelo Mariano, Sérgio Moura e Alex Cassundé diz respeito a uma reunião que, segundo o presidente, aconteceu em dezembro, no Parque São Jorge. Augusto Melo afirmou à Polícia que recebeu Alex Cassundé e que o empresário foi levado ao clube por Marcelo Mariano e Sérgio Moura.

Este trecho da versão de Augusto Melo contradiz o que ele próprio afirmou ao Fantástico, na TV Globo, em reportagem publicada no dia 19 de janeiro deste ano. Na ocasião, ao ser interpelado sobre a relação dele com Alex Cassundé, Augusto Melo foi categórico: “Nenhuma. Nunca tive contato, não tenho o telefone, nunca sentei numa mesa (com ele)”.

O discurso de Augusto Melo feito ao programa de TV, no início do ano, cria uma contradição ao que ele disse à Polícia, nesta quarta-feira, mas também já havia levantado suspeita pela comparação com uma entrevista concedida pelo mandatário corintiano ao Canal do Benja, em 10 de maio de 2024, quando ele revelou detalhes de como teria sido a negociação com o intermediário citado no contrato.

“Eu negociei, eu sangrei de 20(%) para 7(%). Brigamos. ’10, 10, 10 (%)’, eu não pago 10 (%). Eu pago 5(%), até chegar num denominador de 7(%)”, disse Augusto à época.

Por outro lado, durante a prestação de esclarecimentos à Polícia Civil, Cassundé afirmou “categoricamente” que “em nenhum momento exigiu comissão pela intermediação” do acordo entre Corinthians e VaideBet.

Mais que isso, Cassundé garantiu que “não participou de qualquer negociação” com a casa de apostas, que “não sabia o valor do contrato com a VaideBet e nem quanto receberia” pelo o que chamou de “indicação”, “uma espécie de trabalho de telemarketing”, segundo ele.

CONTA SUSPEITA

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações suspeitas em uma conta bancária ativa até hoje, com agência identificada em Blumenau-SC, e que tem Augusto Melo como titular.

A lista de relacionamentos com esta conta bancária enviada pelo Coaf à Polícia Civil aponta para familiares de Augusto Melo, ex-dirigentes do clube e que participaram da atual gestão, e também cita a Arena Tatuapé, empresa que tem o presidente do Corinthians como um dos sócios. Depósitos em dinheiro vivo e um volume de operações crescente são relatados pelo Coaf no documento que foi inserido ao Inquérito Policial e revelado pela Gazeta Esportiva no último domingo.

Em seu depoimento no DPPC, nesta quarta-feira, Augusto Melo reconheceu transações e depósitos listados neste relatório do Coaf, mas se mostrou surpreso por ser titular da conta em Blumenau. O presidente, portanto, não admitiu e nem soube explicar nada sobre a conta em si, mas reconheceu transferências financeiras feitas nela.

DESFECHO SE APROXIMA

A Polícia Civil de São Paulo deve divulgar na primeira semana de maio a conclusão da investigação sobre o contrato entre Corinthians e VaideBet e suas consequências. Quando assinado, o vínculo remetia a um valor total de R$ 360 milhões e renderia à empresa intermediadora R$ 25,2 milhões.

Augusto Melo, Sérgio Moura, Marcelo Mariano e Alex Cassundé correm o risco de serem indiciados por associação criminosa, entre outras infrações. Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico do clube, também pode ser indiciado se houver a conclusão de que ele auxiliou um ato criminoso, mesmo sem ser autor.

A Polícia, após o desfecho, vai encaminhar o processo ao Ministério Público, responsável por fazer a avaliação das provas colhidas. Por último, um promotor de Justiça pode oferecer denúncias ou optar pelo arquivamento do inquérito policial, que, neste caso, tem sido conduzido pelo delegado Tiago Fernando Correia e  acompanhado pelo Promotor de Justiça do Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Juliano Carvalho Atoji.

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