PL Brasil
·09 de outubro de 2019
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Após sofrer com graves problemas financeiros que incluíam a falta de pagamentos para a comissão técnica e os atletas, o Bury Football Club acabou sendo expulso das competições organizadas da Football League (Segunda, Terceira e Quarta divisões). Assim, não está disputando mais a League One (Terceira Divisão), que agora conta com 23 equipes na disputa.
Esse problema vem sendo recorrente em alguns clubes que disputam as divisões inferiores da Inglaterra. Temos como exemplos mais recentes o Southend United e o Bolton Wanderers, que acabou começando a competição com -12 pontos e que agora corre atrás do prejuízo.
A PL Brasil vai contar como se deu a expulsão do Bury da liga e contar a história do clube que já chegou a estar no topo do futebol inglês, mas que agora enfrenta seu período mais sombrio.
Fundado no dia 24 de abril de 1885, o Bury FC surgiu através da fusão de dois clubes da igreja, o Bury Wesleyans e o Bury Unitarians. A partir disso, o clube alugou um terreno em Gigg Lane, onde os Shakers mandam os seus jogos desde os dias atuais.
O Bury foi um dos membros fundadores da Lancashire Cup, um torneio disputado por clubes da região de Lancashire e que nos dias atuais é disputado apenas pelas divisões de base dos clubes.
O clube foi o primeiro bicampeão do torneio nas temporadas de 1890/91 e 1891/92, sendo incluído na EFL (English Football League) na temporada seguinte. Em 1894, acabou conquistando seu único título nesse nível após vencer a Championship e conseguir o acesso para a elite do futebol inglês.
O clube tem como suas maiores conquistas os títulos da Copa da Inglaterra de 1900 e 1903, sendo que a conquista de ambas se deu com goleadas na grande decisão: 4 a 0 no Southampton em 1900 e 6 a 0 no Derby County em 1903.
A última conquista foi a maior goleada em uma decisão de Copa da Inglaterra na história e foi igualada pelo Manchester City, que aplicou o mesmo placar no Watford na última edição.
A equipe chegou a se manter na primeira divisão do futebol inglês por 17 temporadas, conseguindo a sua melhor campanha em 1925/26, quando ficou na 4ª posição, mas foi rebaixada em 1928/29 e não voltou para a elite desde então.
Alguns atletas notáveis já atuaram com a camisa do Bury ao longo da história. Nomes como Lee Dixon, ídolo do Arsenal, e Colin Bell, um dos grandes nomes da história do Manchester City, já tiveram uma passagem pelos Shakers durante as suas gloriosas carreiras.
Ainda não se sabe qual será o futuro do clube e em qual divisão ele terá de recomeçar. Uma votação organizada pelos 71 clubes da EFL pode permitir que o clube seja admitido na próxima temporada da League Two. Esse seria o cenário mais positivo para o clube no momento.
Entende-se que existem três opções que estão diretamente ligadas ao Bury e as disputas das competições da EFL que serão votadas pelos clubes.
A primeira opção seria a admissão do clube na próxima League Two, fazendo com que a entidade volte a ser representada por 72 clubes. A segunda é permitir o acesso de apenas um clube vindo da National League (5ª divisão inglesa). A última conta na admissão de mais um clube na National League. Nesse caso, o Bury recomeçaria a sua história na 5ª divisão nacional.
O clube está buscando uma reentrada compassiva na liga, conforme descreve uma carta presidida por James Frith, um político do Partido Trabalhista Britânico e membro parlamentar da Bury North, um dos distritos eleitorais da cidade de Manchester, onde reside o Bury.
Na carta, está incluída um compromisso firmado e assinado pelo dono atual do clube, o empresário Steve Dale, de que ele venderá o clube para que o Bury seja admitido na League Two.
Em comunicado divulgado nessa última semana, Steve Dale, que é extremamente menosprezado por toda a torcida do Bury, apelou para que o clube volte para as divisões principais da Inglaterra e afirmou que nessa situação ele também é uma vítima, e não um vilão como os torcedores do clube pensam.
Se os clubes da EFL votarem pela admissão do Bury na liga, será necessário convocar uma assembleia geral adicional para a alteração dos regulamentos das competições. A reunião anual dos clubes está marcada para junho de 2020 em Portugal.
A EFL declarou que, nas circunstâncias atuais, um clube que buscasse entrar na Football League, teria que primeiramente se inscrever na associação de futebol, a FA, que já está levando em consideração o caso do Bury e decidirá qual liga seria apropriada para que o clube entre.
O dia 27 de agosto de 2019 se confirmou como o fatídico dia em que o Bury acabou sendo expulso da League One. A decisão foi tomada pelo conselho da EFL após o clube não apresentar garantias financeiras aceitáveis.
Steve Dale comprou o Bury em dezembro de 2018 e, desde então, vêm enfrentando diversos problemas financeiros dentro do clube. Em abril deste ano, os jogadores e demais funcionários do clube não haviam recebido o salário do mês de março. Foi quando Dale afirmou que os problemas financeiros do clube eram maiores do que ele pensava quando assumiu.
Algumas outras dificuldades financeiras levaram a EFL a buscar mais detalhes sobre a viabilidade financeira do clube, mas Steve Dale não conseguiu oferecer evidências suficientes de que o clube cumpriria os seus compromissos financeiros, o que levou com que ele buscasse um comprador que assumisse o clube e consequentemente, suas dividas.
O clube tinha até o dia 24 de agosto para encontrar um comprador, mas conseguiu uma curta prorrogação para o dia 27, prazo limite para assegurar a venda.
No dia final do prazo, houve uma grande esperança quando a empresa C&N Sporting Risk Limited demonstrou interesse na compra do clube, mas os proprietários da empresa optaram por não prosseguir com a venda, eliminando qualquer esperança de venda do clube.
Após o encerramento do prazo estipulado, a EFL emitiu um comunicado confirmando a exclusão do Bury da liga.
Com isso, a League One dessa temporada está sendo disputada por apenas 23 equipes, sendo que o Bolton Wanderers, que viveu situação idêntica com a do Bury, acabou iniciando a competição com -12 pontos.
A situação final dos dois clubes acabou não sendo a mesma, pelo fato de que o Bolton conseguiu um prazo de prorrogação maior do que o do Bury. Além disso, a empresa Football Ventures (Whites) Limited acabou assegurando a compra do clube.
Ainda não se sabe qual será o futuro do clube. Mas a união das equipes será fundamental não só para que o Bury retorne para a liga, mas para que a EFL investigue os gestores que estão tomando conta dos seus clubes de futebol, para evitar que mais tragédias desse tipo aconteçam em um futuro próximo.
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