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Central do Timão

·15 de maio de 2025

Caso VaideBet: Alex Cassundé esteve no Parque São Jorge no dia de repasse de comissão a empresa fantasma

Imagem do artigo:Caso VaideBet: Alex Cassundé esteve no Parque São Jorge no dia de repasse de comissão a empresa fantasma
  1. Por Daniel Keppler e Larissa Beppler / Redação da Central do Timão

A investigação policial sobre o caso VaideBet, comandada pelo delegado Tiago Fernando Correia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), constatou que Alex Cassundé, dono da Rede Social Media Design, apontada pelo Corinthians como intermediária da negociação entre o clube e a casa de apostas, estava no Parque São Jorge no dia em que o primeiro repasse da comissão recebida foi feito para a empresa fantasma Neoway Soluções Integradas.

Segundo apurado pela Central do Timão, a informação consta em um relatório do inquérito policial que trata do caminho percorrido pelos R$ 1,4 milhão pagos pelo clube à suposta intermediária, desviado na sequência para diversas outras empresas, em uma teia de transferências bancárias que a investigação chama de “percurso maquiavélico”, que termina na UJ Football Talent Intermediação.


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Foto: Divulgação/Corinthians

A UJ Football Talent é uma das empresas que Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), apontou como sendo parte das atividades do grupo criminoso no mundo do futebol, segundo apontou o Estadão em matéria sobre o mesmo documento. Vale lembrar que Gritzbach foi assassinado em novembro de 2024, no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Além do Estadão, o SBT também publicou reportagem sobre o relatório policial, que detalha o intrincado caminho que o dinheiro pago pelo Corinthians à Rede Social Media Design percorreu até chegar à UJ Football Talent. O documento, segundo apurado pela Central do Timão, reforça o papel de vítima do Alvinegro enquanto instituição e diz que os R$ 1,4 milhão repassados pelo clube foram objeto de furto e lavagem de dinheiro.

O valor saiu dos cofres corinthianos rumo à empresa de Alex Cassundé em duas parcelas de R$ 700 mil, sendo transferidos em 18 e 21 de março de 2024. O desvio dos recursos começa dias após o segundo depósito, quando a Rede Social Media Design transfere R$ 1,042 milhão para a Neoway Soluções Integradas – a empresa fantasma que constava no nome de Edna Oliveira, moradora de Peruíbe que jamais soube de nada e também é tratada como vítima pela investigação.

Esses R$ 1,042 milhão foram transferidos à Neoway em duas parcelas: R$ 580 mil em 25 de março e R$ 462 mil no dia seguinte. Na data do primeiro depósito, Alex Cassundé esteve no Parque São Jorge – informação que, segundo apurado pela Central do Timão, foi sonegada por ele em seu depoimento às autoridades, em junho do ano passado.

No mesmo dia 26 de março em que recebeu a segunda parte do dinheiro, a Neoway transferiu quase que sua totalidade – R$ 1 milhão – a uma outra empresa, a Wave Intermediações e Tecnologias, que a investigação coloca como uma “camada intermediária” do esquema criminoso. No dia seguinte, outros R$ 40 mil são enviados à Thabs Soluções Integradas e Serviços. Ou seja, em um dia, a Neoway repassou todo o dinheiro que recebeu a outras contas, ficando com apenas R$ 2 mil.

Recebedora de R$ 1 milhão dos recursos pagos inicialmente pelo Corinthians, a Wave age da mesma forma que as outras empresas citadas, e procede com a transferência de recursos à UJ Football Talent, considerada a destinatária final do dinheiro. Essa transferência acontece a partir do mesmo dia 26 de março de 2024, quando R$ 467.325 são repassados. Dois dias depois, em 28 de março, mais dois depósitos são feitos, de R$ 206.825 e R$ 200 mil, totalizando R$ 874.150 enviados à UJ.

No entanto o relatório aponta ainda para o envolvimento de uma outra empresa, a Victory Trading Intermediação de Negócios, Cobranças e Tecnologia. A investigação apontou um grande fluxo financeiro entre Victory e Wave, na ordem de mais de R$ 13 milhões apenas entre 26 e 28 de março. E esta empresa, a Victory, também repassou R$ 200 mil à UJ no dia 28 de março.

As datas são consideradas importantes pela investigação, de acordo com apuração da Central do Timão. Isso pois, nos meses de março de abril de 2024, estas são as únicas operações financeiras identificadas pela polícia tanto de Victory quanto de Wave com a UJ Football Talent, indicando que as empresas não possuíam qualquer vínculo corriqueiro.

Com isso, a investigação conclui que a UJ Football Talent recebeu, ao todo, R$ 1.074.150 desviados do Corinthians. “Em suma, que o Sport Club Corinthians Paulista foi lesado, é indubitável; e concordamos que, não se trata de coincidência, muito menos de mero acaso, o dinheiro ter saído das contas de um renomado Clube brasileiro para ser abocanhado por uma famosa Agência de Assessoria Esportiva”, diz o relatório.

A investigação ainda apontou, também segundo apurado pela Central do Timão, outro fato inusitado: a Wave, apontada como uma “intermediária” do esquema criminoso, foi dissolvida em 25 de abril de 2025, exatamente dois dias depois que as autoridades incluíram no sistema judicial as gravações dos depoimentos de Augusto Melo, Marcelo Mariano, Sérgio Moura e Rubens Gomes. A ligação entre a Wave e a UJ Football Talent teria sido citada em questionamentos presentes nestas gravações.

A conclusão do inquérito poderá trazer indiciamentos a membros atuais e antigos da gestão de Augusto Melo no Corinthians. Além do próprio presidente, também foram ouvidos como investigados Marcelo Mariano e Sérgio Moura, ex-diretor administrativo e ex-superintendente de marketing respectivamente. Paralelamente à investigação policial, o Conselho Deliberativo do clube votará o impeachment do presidente no próximo dia 26, por infrações estatutárias relativas, justamente, ao caso VaideBet.

O Corinthians se manifestou por meio de nota, logo após a publicação da reportagem do SBT. “O inquérito policial está sob segredo de justiça, portanto não teremos nenhum comentário a adicionar. O Corinthians não tem responsabilidade por qualquer direcionamento de dinheiro que não esteja na conta bancária do Clube”, afirma o texto.

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