Trivela
·09 de março de 2023
Trivela
·09 de março de 2023
A técnica Corinne Diacre foi demitida pela Federação Francesa de Futebol, com a entidade descrevendo a situação como “uma divisão muito significativa” com as jogadoras e que “chegou a um ponto de não retorno”. A decisão veio depois de muitas semanas de discussão sobre o tema, com uma crise aberta com as jogadoras e um relacionamento conturbado que não é de hoje.
A situação ficou muito mais difícil quando Wendie Renard, capitã da seleção francesa, anunciou que não jogaria mais pelos Bleus para proteger a sua saúde mental e ainda disse que “não irá mais apoiar o atual sistema”. Depois da capitã, Kadidiatou Diani e Marie-Antoinette Katoto seguiram com a mesma decisão.
As acusações contra a técnica são de uma cultura de abusos morais sobre as jogadoras. Para administrar a crise, a FFF montou uma comissão com quatro pessoas, com a liderança do presidente interino da entidade, Philippe Diallo, para investir as alegações sobre a cultura no time. A conclusão que o comitê chegou é que a técnica não poderia continuar no cargo.
“As inúmeras audiências realizadas permitiram constatar uma divisão muito significativa com as principais jogadoras e evidenciaram uma discrepância com as exigências do altíssimo nível. Esta fratura chegou a um ponto sem volta que prejudica os interesses da seleção”, diz a nota da FFF à imprensa. “Se a FFF reconhece o envolvimento e a seriedade de Corinne Diacre e do seu staff no exercício da sua função, constata que as disfunções observadas parecem, neste contexto, irreversíveis”.
Diacre divulgou um comunicado na quarta-feira mostrando determinação em continuar no cargo. “Suportei, não sem grande sofrimento, a exibição de calúnias, inverdades e ambições de alguns e outros… Fui alvo de uma campanha de difamação que é surpreendente em sua violência e desonestidade”, afirmou a técnica.
Os problemas com as jogadoras acontecem há muito tempo. Os métodos de treinamento de Diacre e algumas das suas críticas públicas aos jogadores, além de decisões questionáveis em relação a convocações, a tornaram um nome impopular entre as atletas. Em 2017, por exemplo, Diacre tirou a braçadeira de capitã de Renard, devolvendo em 2021.
Em 2019, a técnica deixou Katoto fora da lista da Copa do Mundo da categoria, mesmo ela sendo artilheira da liga francesa. Em 2020, a goleira Sarah Bouhaddi anunciou que deixaria de defender a sele;áo francesa enquanto Diacre fosse a técnica. Amandine Henry e Engénie Le Sommer foram deixadas de fora do elenco da Eurocopa 2022, depois de entrar em conflito com amas.
O comunicado da FFF informa que o painel que analisou as denúncias foi também encarregado de encontrar uma substituição para Diacre. A entidade também alertou as jogadoras, dizendo que “o modo usado pelas jogadoras para expressar suas críticas não será aceito no futuro”.
Com a demissão de Diacre, a FFF espera contornar a crise que assola a seleção francesa, uma das mais fortes do mundo. A Copa do Mundo deste ano acontece em julho e agosto na Austrália e Nova Zelândia e espera-se que agora, sem as restrições que o grupo tinha com a técnica, o potencial do time seja aproveitado para buscar uma boa campanha.