Trivela
·13 de novembro de 2021
Trivela
·13 de novembro de 2021
O pesadelo vivido pela Holanda, que não disputou a Euro de 2016 e a Copa de 2018 estava quase acabando. A volta de Louis Van Gaal foi um choque para um grupo desmotivado e arrasado depois da trágica passagem de Frank de Boer no banco de reservas. Neste sábado, em Podgorica, os holandeses entregaram de bandeja um empate para Montenegro, por 2 a 2, nos minutos finais, deixando a comemoração da classificação para o Mundial em suspenso.
Tinha tudo para ser uma noite especial para o povo dos Países Baixos, e a tranquilidade para administrar o placar ao longo da segunda etapa também era um bom sinal. Mas a decadência veio rápida e com força para quebrar as vidraças dos visitantes. Quem explica o apagão nos dez minutos derradeiros, hein?
Era meramente protocolar a partida, uma vez que a Holanda tinha dois jogos para garantir sua liderança e, consequentemente, a vaga na Copa. Ainda assim, era necessário ver o que a Laranja poderia entregar diante de um adversário que não entrou em campo diante de sua torcida para dar vexame. Montenegro pode até não ter ameaçado muito, mas também não facilitou na retaguarda. Van Gaal apostou no jovem Arnaud Danjuma como seu camisa 9, depois de muitas apostas que não entregaram o que prometiam nos últimos meses.
A presença de área de Danjuma atraiu a defesa montenegrina, mas quem deu a primeira estocada rumo à vitória foi Davy Klaassen. O meia do Ajax segurou a bola em cima da linha da grande área e estava prestes a soltá-la quando foi derrubado, por trás. O juiz não hesitou muito para dar o pênalti. Memphis Depay, sem titubeios, colocou no canto inferior da meta e abriu o caminho para o triunfo holandês.
A partida estava amarrada. Mas se fosse sair outro gol, muito provavelmente seria dos visitantes. Montenegro não teve volume ou capacidade para infiltrar na área. Em um dia bom de Virgil van Dijk, é geralmente isso que acontece. Ninguém chuta, ninguém dribla. E sem passar sufoco lá atrás, a Holanda teve mais calma para construir seu placar e estender o domínio técnico que já era evidente.
Na segunda etapa, Depay fez o que queria. Numa troca rápida de passes, Denzel Dumfries desceu até a linha de fundo e rolou para Memphis, que improvisou de letra para marcar. Se alguém na Holanda reclamava de barriga cheia pela classificação vir de forma entediante, esse gol aplacou qualquer dúvida. Um golaço digno da reação holandesa e de uma data especial. Desde 2014, é praticamente proibido sorrir nos Países Baixos. Ao menos neste sábado, Memphis patrocinou a alegria de todo um país, que coloriu suas ruas de laranja para celebrar uma nova participação mundialista. Parece que faz muito mais do que sete anos, certo?
…Era mais ou menos isso que estava escrito e encaminhado para a festa em laranja. Mas não foi dessa vez. Faltou combinar com Montenegro. Ilija Vukotic, aos 37 da segunda etapa, e Nikola Vujnovic, aos 41, igualaram o marcador. Tinha cheiro e cara de furada para Van Gaal conforme o tempo passava. A Holanda relaxou tanto pensando na vaga, que se esqueceu do fato de que ainda restava bastante tempo no relógio. A ponto da virada montenegrina também ser possível nos minutos finais, quando o desânimo se abateu sobre os atletas visitantes.
Pior: ceder um empate contra uma seleção que já estava eliminada e não tinha mais compromisso algum na competição foi um golpe duríssimo na autoestima holandesa. Seria compreensível esse contexto se a Holanda estivesse jogando contra a Noruega ou a Turquia, mas era bem diferente a situação, com um adversário razoavelmente mais fraco. O time laranja simplesmente teve uma queda no disjuntor e parou de jogar. A festa virou um enterro.
Cancelem a champagne, desçam a cerveja do congelador para a geladeira e guardem os acepipes: não foi neste sábado que a Holanda comemorou seu retorno à Copa do Mundo. Os rojões terão de esperar até a próxima rodada, diante da Noruega, pelo menos. E agora com dupla ameaça de eliminação: não bastasse ter de vencer os noruegueses no dia 16, em Roterdã, a Holanda (que lidera com dois pontos de vantagem) ainda precisa torcer contra a Turquia. Um empate pode até servir, mas é testar demais a força do destino. Uma derrota pode resultar em eliminação, já que a Noruega também superaria os alaranjados em pontos.
A tensão foi revivida de forma desnecessária e já ganha tons de pesadelo. Só uma atuação corajosa devolverá a equipe de van Gaal ao seu devido lugar. Ou terminará com a carreira do vitorioso treinador de uma vez por todas. O que sairá desse Holanda x Noruega não sabemos, mas o certo é que vai se criando um clima terrível para o De Kuip…
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