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·06 de novembro de 2024

Ex-atacante do Corinthians revela bastidores tensos e desabafa sobre sua passagem pelo clube

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  1. Por Jailson Menezes / Redação da Central do Timão

Júnior Moraes, ex-atacante do Corinthians, fez revelações impactantes em entrevista sobre sua breve passagem pelo clube, abordando desde bastidores e dívidas até desentendimentos com dirigentes. O jogador, que decidiu vir ao Brasil devido à guerra entre a Ucrânia e a Rússia, chegou ao Parque São Jorge em 2022 e, apesar de ter feito apenas 21 jogos pelo clube, deixou sua marca em momentos importantes.

Em entrevista ao programa MunDu Menezes, Júnior Moraes reiterou seu desejo de vestir a camisa do Corinthians, revelou dramas vividos no clube e recordou um episódio marcante antes da final da Copa do Brasil de 2022.


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Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

“Eu passei por muitas dificuldades na carreira e sempre gostei de ter a dificuldade e a superação. Tentar transformar uma situação negativa em positiva. Cheguei no Corinthians e pensei a mesma coisa ‘acabei de sair da guerra, agora vou voar aqui, marcar história nesse clube, ser campeão, fazer gol’. O time era bom para caramba. Eu nunca tinha vivido uma guerra e muito menos um pós-guerra, aí comecei a ter pesadelo, eu não conseguia mais dormir. Eu acordava transpirando, chorando para caramba, eu falei ‘vai passar’.”

“A pior parte foi o jogo contra o Flamengo, na final da Copa do Brasil. O jogo estava todo desenhado para o Corinthians ganhar. Eu treinei durante a semana, estava bem, fui convocado para o jogo, treinei um dia antes na Arena, com a torcida. Eu fui para a final, vou para o jogo, o Vítor Pereira fala ‘vou precisar de tu’. Aí eu vou para a viagem, animado, ‘já pensou fazer um gol no Maracanã?’, e estava tudo desenhado para fazer isso. No avião me deu reação (alérgica), começou a me dar febre, o meu joelho começou a inchar“, continuou o jogador.

Tive vergonha de sair do avião, comecei a chorar. Imagina você descer mancando do avião? Eu não saí do meu lugar, esperei todo mundo sair, entrei no ônibus, quando cheguei no hotel, a torcida estava na porta. Como eu vou descer do ônibus mancando? Imagina alguém gravar um vídeo meu? Eu esperei todo mundo sair, aí entrei tentando disfarçar e não fui direto para a janta, fui para o quarto. Foi forte de uma forma que, mesmo tomando remédio, não consegui jogar. Uma febre absurda. Nunca mais tive. Eu saí do Corinthians, eu fiz uma intertemporada, nada (reação alérgica). Ali foi o momento que eu falei ‘eu não sou super-herói’.”

“Não tenho o que falar do Corinthians, o departamento médico, os jogadores, o pessoal que trabalhava, eu não tenho o que falar mal de ninguém, não. O meu relacionamento com aquela turma é até hoje, não tem o que falar. Machucava (que me chamavam de) ‘chinelinho’, ‘ruim’…só que será que ninguém viu a minha história? Foi o único clube que eu fui que eu não consegui performar“, analisou Júnior Moraes.

Por outro lado, do lado pessoal, eu aprendi muito, eu fui buscar mais conhecimento, fiz curso sobre desenvolvimento pessoal, inteligência pessoal, que me ajudaram muito. Eu não estava conseguindo cuida da minha família, filhos, esposa, porque eu precisava cuidar de mim. Eu, olhando para traz, lembro de um monte de momento com tempo nublado, chuvoso, e não lembro de quase nada.”

Júnior Moraes também contou que tentou um acordo para rescindir seu contrato com o clube amigavelmente, mas não foi atendido pelo ex-dirigente Alessandro Nunes. Segundo o atacante, foram várias tentativas de negociação frustradas. Sem sucesso, ele acionou seus advogados e entrou na justiça para resolver sua situação e cobrar R$ 3,8 milhões.

“O Luxemburgo voltou (ao Corinthians, em 2023), fez uma lista de pessoas que não iria utilizar, eu estava nessa lista. Eu já estava no limite, já queria sair, e quando ele falou isso…eu queria sair porque queria descansar, eu tinha que sair daquele ambiente. E estava tudo certo, eu não estava rendendo mesmo“, disse.

O Alessandro me chamou, e eu falei ‘tudo bem, vamos entrar em um acordo, 11 salários de direito de imagem atrasado, mais fundo de garantia, mais algumas coisas. Vamos fazer um acordo para eu não precisar mais vir aqui treinar, para não ficar igual à situação do Luan’. Eu não queria ficar em uma situação assim, vamos entrar em acordo, eu abro mão de 60% do que tem, a gente acerta e eu saio. Tive uma conversa com ele, aí nada.”

“Eu entendo que ele tinha autonomia para resolver isso. A segunda conversa nada, a terceira nada, eu já estava há 15 dias, eu não queria ficar nessa situação, estava ficando vergonhoso para mim, venho aqui, treino separado, daqui a pouco a torcida está pegando no meu pé porque eu fico aqui parado. Eu já não queria mais aquela rotina, eu precisava de paz, estava esgotado. Eu vi que ele (Alessandro) ficava segurando.

Só que em uma das conversas, ele estava em um nível de estresse, eu vi que ele estava a ponto de explodir, eu falei ‘cara, você precisa descansar’. Eu falei ‘se você não decidir agora, eu vou ter que entrar na Justiça, eu não aguento mais ficar aqui, eu quero sair, preciso me cuidar’. Não tinha resposta, e aí foi quando eu mandei para o advogado. Quando entrou na Justiça, calhou da notícia cair para ele um dia antes do jogo, eles perderam para o América-MG, e foi quando ele dá a entrevista falando um monte de coisa”, prosseguiu.

“Eu prefiro acreditar que foi um momento de loucura, de pressão que ele estava vivendo… Quando eu recebi o vídeo, que aí veio uma enxurrada de mensagens, é uma pancada. Mas aí eu entendi o contexto que ele estava vivendo antes. Hoje eu não estou nem aí”, disse o ex-corinthiano.

“Eu não tive mais contato com ele, a gente nunca conversou. A gente tinha uma boa amizade, desde a época do Santos. Ele estava defendendo o lado do Corinthians, e eu o meu. Mas eu sou muito grato ao Corinthians, o que eu vivi lá dentro, ter o privilégio de jogar com aquela torcida, não existe torcida no Brasil que faz o que a do Corinthians faz”, concluiu.

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