FNV Sports
·14 de maio de 2020
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·14 de maio de 2020
Natural da cidade de Roma, Fábio Liverani nasceu em 29 de abril de 1976. Sinônimo de superação, teve uma árdua caminhada ao longo de sua vida. Filho de um comerciante romano e de uma imigrante somali, refugiada de guerra, perdeu seu pai aos 15 anos. Desse modo, desde de muito jovem buscou, através do futebol, o sustento de sua família.
Em contrapartida, iniciou sua formação pela Lodigiani e pouco tempo depois mudou-se da capital para atuar na equipe juvenil do Palermo, Silícia. Ademais, teve passagem também nas categorias de base do Cagliari e do Napoli, entre os anos de 1995 e 1996. No entanto, foi no Nocerina que ele estreou profissionalmente, em 1996, disputou apenas uma temporada e transferiu-se para o Viterbese, onde conquistou o acesso a Série C e também o título da quarta divisão do Italiano com boas atuações durante a competição.
Por outro lado, com o bom desempenho no Viterbese, o meia acabou assinando contrato com o Perugia, equipe que pertencia ao mesmo dono do seu ex-clube, Luciano Gaucci. Em sua temporada de estreia pela primeira divisão do Italiano, atuou ao lado do brasileiro Zé Maria e do jovem volante Pablo Guiñazú. Dessa maneira, com 32 partidas, Liverani fez parte de um dos melhores elencos da história do Perugia.
Ademais, com a lesão de Francisco Totti, restou vaga na lista de convocações do técnico Giovanni Trapattoni. Desse modo, o treinador optou por buscar nomes que não estavam na lista de favoritos para serem convocados. Com isso, o meia Fábio Liverani chamou atenção de Trapattoni e conquistou vaga entre os convocados, causando uma grande repercussão na mídia italiana. Sendo assim, o camisa 20 do Perugia, ganhou posição de destaque no seu país, dado que tornou-se o primeiro negro nascido na Itália a vestir a camisa da Azzurra, antes dele, apenas Miguel Montuori havia atuado pela seleção italiana. Entretanto, o atacante nasceu na Argentina e naturalizou-se italiano, em 1950.
A estreia de Fábio foi marcada por uma série de coincidências ou o muitos preferem nomear de “destino”, visto que a primeira partida do jogador pela seleção italiana foi contra a África do Sul, país que sofria com um regime de segregação racial desde de 1948. Além disso, o palco da partida foi o estádio Renato Curi, do Perugia, seu clube na época. Em contrapartida, o meia atuou apenas na primeira etapa, porém, foi muito aplaudido pelos torcedores, especialmente os Grifonis. Sendo assim, o amistoso terminou com um feito histórico e com a vitória da seleção italiana por 1 x 0.
Imagem: Reprodução/ Getty Images
Com a boa fase no Perugia e a estreia pela seleção, Liverani vivia um período de ascensão em sua carreira. Dessa maneira, passou a ser desejado por grandes clubes. Entretanto, em 2002, transferiu-se para a Lazio, onde atuaria por cinco temporadas e conquistaria o título de maior expressão em sua trajetória profissional, a Coppa Itália. Por outro lado, não teve uma recepção agradável dos torcedores do Biancocelesti, visto que houve a divulgação de uma imagem do jogador comemorando o título do Campeonato Italiano do principal rival da sua nova equipe, a Roma.
Além disso, o atleta alvo de um problema social que ainda persiste na sociedade vigente em todo futebol mundial, o racismo, por uma parte dos ultras, ou seja, os torcedores que apoiam intensamente sua equipe e que possuem, muitas vezes, um comportamento violento. Sendo assim, pichações e coros contra o jogador foram recorrentes. No entanto, Liverani recebeu apoio da diretoria do clube e posicionou-se diante das discriminações raciais da torcida em uma entrevista ao jornal “La Repubblica”
“Cresci em um bairro popular, essas coisas não me assustam mais. Estou tranquilo e penso apenas em jogar futebol, focado na Lazio”, argumentou o atleta.
Em contrapartida, o futebol italiano já havia sido marcado por outras problemáticas extracampos, envolvendo a discriminação racial. Desse modo, além de Liverani, o volante Aron Winter, primeiro negro a atuar pelo clube, também foi vítima de episódios de agressões raciais, em 1992, ao chegar na equipe.Ademais, iniciou sua primeira temporada pela Lazio entre os titulares, com apenas dois gols marcados. Porém, na temporada seguinte sofreu uma grave lesão na panturrilha que comprometeu seu desempenho naquele ano.
Entretanto, mesmo com venda de alguns jogadores devido a uma crise financeira, em 2003-04, sob o comando Roberto Mancini, Liverani fez parte do elenco que chegou até as semifinais da Uefa e conquistou de forma invicta a Coppa Itália. Desse modo, no início de 2006 sustentou mais um feito histórico, assumiu a faixa de capitão e tornou-se o primeiro negro a carregar a braçadeira na história do clube. Porém, em junho do mesmo ano, encerrou sua passagem pela Lazio para atuar pela Fiorentina.
Imagem: Reprodução/AFP/Getty
Em decorrência do envolvimento de dirigentes no escândalo Calciopoli, a Fiorentina iniciou o Italiano com pontos negativos. Desse modo, o meia chegou ao clube em um momento delicado. Entretanto, assegurou sua titularidade e auxiliou a equipe na conquista da vaga para Copa da Uefa. Além disso, na temporada seguinte, a Viola teve um bom desempenho na Uefa, uma vez que foi eliminado apenas nas semifinais pelo Rangers, em uma disputa de pênaltis, com um deles perdido por Liverani.
Imagem: Reprodução/Di Giacomo Morini
Ademais, foi na equipe da Fiorentina que fez sua última partida pela Azzurra, diante da Croácia, na derrota por 2 x 0, em agosto de 2006. Por outro lado, em 2008, após duas temporadas na Viola, o jogador de 32 anos foi jogar no Palermo. Sendo assim, já experiente, passou três anos no Rosanero e assistiu do banco de reservas, a derrota na final da Coppa Itália diante da Inter de Milão, em 2011, pondo fim no sonho de conquistar um título tão almejado pelo clube. Em contrapartida, antes de pendurar as chuteiras, o atleta assinou um contrato com o Lugano, da Suíça. No entanto, não chegou a entrar em campo pela equipe. Desse modo, após a rescisão com o time suíço, em novembro de 2011, encerrou sua carreira como jogador para iniciar uma nova caminhada no esporte.
Imagem: Reprodução/ Getty Images
Após encerrar seu ciclo nos gramados, Liverani iniciou sua carreira como treinador nas categorias de base do Genoa, mas só em 2013 passou a comandar o time principal. No entanto, com apenas setes partidas e somente uma vitória, diante do rival Sampdoria, por 3 x 0, despediu-se do clube em setembro do mesmo ano. Além disso, o técnico também teve breves passagens pelo Leyton Orient, da Inglaterra, e pela Ternana, da Itália. Entretanto, é no Lecce que ele permanece sustentando seu trabalho como treinador desde 2017. Dessa maneira, com a conquista de dois acessos consecutivos, Liverani assegurou os Giallorossi na elite do futebol italiano em 2019-20. Ademais, atualmente o time ocupa a 18 posição do Italiano, com 25 pontos e aguarda o retorno da competição, suspensa por conta da pandemia, para tentar fugir da zona de rebaixamento.
Foto destaque: Divulgação/ Twitter oficial do Lecce/ Instagram oficial de Fábio Liverani