oGol.com.br
·28 de janeiro de 2025
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A passagem de pela Arábia Saudita chegou oficialmente ao fim, e ficará marcada como um dos mais dispendiosos fracassos da história do futebol. O maior jogador brasileiro de sua geração deixa o pouco competitivo campeonato árabe sem deixar saudades, e volta a sua casa, o Santos, com apenas um objetivo: provar que ainda pode jogar futebol.
Pode parecer pouco para quem um dia pareceu o sucessor natural da dinastia x . Mas é a dura realidade para Neymar. A um ano e meio da Copa do Mundo de 2026, última chance de realizar seu sonho de título com a seleção brasileira, o ex-craque corre atrás do tempo para ao menos ter uma sequência de minutos em campo.
No Al Hilal, a experiência foi traumática... Em especial para o clube árabe. Foram 90 milhões de euros apenas de investimento inicial para tirar Neymar do Paris Saint-Germain. Soma-se a isso os salários milionários do brasileiro e os custos com a rescisão - mantidos em sigilo, mas na casa dos 30 a 40 milhões. Tudo isso em troca de sete jogos, um gol e duas assistências.
O grande "vilão da passagem" de Neymar pela Arábia Saudita foi a lesão nos ligamentos e menisco do joelho esquerdo, em outubro de 2023, quando defendia a seleção brasileira. Foi a lesão mais grave da carreira do jogador, e que deixa em dúvidas a sua atual capacidade.
Neymar chegou a retornar aos gramados pelo Al Hilal um ano depois. Mas teve dificuldades para acompanhar o ritmo da equipe. A ponto de , técnico do clube, o deixar encostado, fora dos inscritos para o Campeonato Árabe.
A situação física de Neymar no Santos preocupa. Mas os problemas são mais antigos, e mais profundos...
A qualidade de Neymar segue sendo inquestionável. Em sua última temporada antes de surpreender e seguir para a Arábia, o atacante somou 18 gols e 16 assistências em 29 jogos pelo PSG - mais de uma participação direta em gol por partida. A decepção maior, no entanto, ficou pelo tempo em campo: ficou de fora de 21 dos jogos do clube em 2022/23.
A passagem de Neymar pelo PSG ficou marcada tanto pelo futebol vistoso e números espantosos quanto pelo pouco tempo em campo. No Barcelona a sua temporada com menos jogos foi no ano de estreia, com 41 partidas. Na França, o seu recorde foi de 31 jogos em 2020/21.
As lesões podem ser um desafio para qualquer atleta profissional, e com um toque de sorte (ou azar) envolvido. Mas Neymar não pode culpar apenas o acaso pelos seus problemas. Por mais de uma vez, o atacante foi criticado por uma vida desregrada, festas e polêmicas extra-campo, enquanto geria seus crescentes problemas físicos.
Quando retornou às atividades após sua última grave lesão, Neymar estava visivelmente fora de forma. A opinião pública na internet, sempre cruel, transformou tudo em memes, e o próprio reagiu com a famigerada mensagem - "Acima do peso beleza, mas gordo? Acho que não" - enquanto levantava a camisa para mostrar seu "tanquinho acolchoado".
O futebol está repleto de histórias de superação e surpresas. Neymar pode, inclusive, se inspirar em outro ídolo nacional. foi campeão do Mundo em 2002 depois de superar grave lesão, com poucos jogos e muito longe das condições físicas ideais.
Há algumas diferenças e algumas semelhanças nos dois casos. Ronaldo tinha apenas 25 anos quando foi à Copa em 2002 e tinha 34 anos quando encerrou a carreira, apenas dois a mais que Neymar hoje. Recuperar-se na casa dos 30 exige muito mais esforço, embora o conhecimento científico para isso seja muito mais desenvolvido nos dias atuais.
Entre as semelhanças mais preocupante está a falta de apreço pela forma física. Um dos maiores talentos da história do futebol, Ronaldo já brigava contra a balança em 2002, quando ainda deveria estar no auge físico. Embora a memória afetiva nos leve a recordar momentos mágicos depois disso, a reta final de carreira do Fenômeno foi de lampejos e poucos títulos: apenas um Espanhol como protagonista (outro deixando o Real no meio da temporada) e um Paulista e Copa do Brasil pelo Corinthians.
Neymar tem capacidade técnica para repetir, no Santos, o impacto de Ronaldo no Corinthians. Mas o Fenômeno, com mais de 100 quilos, se despediu de forma melancólica, com a impressão de que poderia ter entregado muito mais ao longo de sua carreira com um melhor preparo (e sorte). Ney precisará de mais que isso para fazer a diferença em uma Copa do Mundo...