Leonardo Pantaleão explica saída da diretoria do Corinthians e revela divergências internas | OneFootball

A diretoria jurídica do Corinthians já foi ocupada por três pessoas diferentes desde o início do ano passado, sendo uma delas Leonardo Pantaleão, advogado criminalista, conselheiro trienal eleito e atualmente presidente da Comissão de Justiça do Conselho Deliberativo (CD). Fora do cargo há sete meses, ele falou sobre sua saída em entrevista ao podcast Deu Zebra Cast, publicado no YouTube nesta quinta-feira, 1º de maio.

“Começou a ter divergência de ideias na diretoria. Quando cheguei, olhando o cenário, falei: ‘passaram-se seis meses praticamente, vamos arredondar aqui, seis meses da gestão do Augusto. Vamos fechar o Corinthians para balanço por um ano, pé no chão, ajustar a casa, ver o que dá para fazer, o que não pode, a gente organiza isso por um ano.’ Ele vai ter um ano e meio restante para poder dar o up, que é exatamente quando ele precisaria dar o up. ‘Não, não dá para fazer isso aqui’, disseram.”

Foto: Reprodução/YouTube

Sua saída da diretoria após cerca de quatro meses no cargo, aconteceu após pequenos atritos no dia a dia – nenhum deles com o presidente Augusto Melo, no entanto, segundo o conselheiro, que detalhou um pouco sobre como vê a relação do mandatário alvinegro com seu círculo de confiança.

“Eu nunca tive um atrito com o Augusto, direto, nunca tive uma discussão com o Augusto. Mas o Augusto é cercado ali em pessoas, dá confiança nele, um núcleo pequeno. E essas pessoas, todas com cargos. Eu comecei a enfrentar algumas dificuldades no seguinte sentido, ‘olha, na minha opinião, analisando o que eu estou analisando, e parece que o melhor caminho é aqui, ele concordava.’ Depois de algum tempo, mudava. Eu não admito interferência de ninguém.”

Para Pantaleão, um “conjunto de coisas” acabou sendo decisiva para sua não permanência, além do fato de sua pessoa física ser a responsável pelas ações à frente da diretoria, que ele não via, no Parque São Jorge, como sendo a única a conduzir questões legais no clube. Ele falou sobre o que era, para ele, algo como uma “diretoria jurídica da presidência” no Corinthians:

“Tinha informações relevantes que não chegavam para o jurídico. Por exemplo, relatórios de auditoria, nunca passou por jurídico. Então, você começa a perceber que algumas, aí vem aquela cisão que mencionei. Você tem o jurídico do clube, o jurídico da presidência, só que o jurídico do clube coloca o CPF à frente e tudo. Então, quando você começa a perceber esse tipo de situação, eu optei por sair.”

O ex-diretor exemplificou essa situação, usando para tanto a venda do atacante Wesley, negociado junto ao Al-Nasser, da Arábia Saudita: “O departamento de futebol tem que perguntar para você se pode (vender)? É evidente que não. Mas no caso do Wesley, sim. Porque nós tínhamos quatro decisões que proibiam a venda do Wesley. Aí eu pego o Instagram e vejo o Wesley na Arábia. Aí nós tivemos que parar o jurídico e tentar correr. A gente teve que tentar derrubar as quatro decisões praticamente um, dois dias.”

Pantaleão ainda falou sobre sua relação com Fred Luz. Ele relatou que se reunia constantemente com o consultor para renegociar contratos com escritórios externos, apontando um certo desgaste em debates sobre a possibilidade de recuperação financeira – não judicial, mas extrajudicial. Criticou ainda, a inclusão de uma análise sobre SAF (Sociedade Anônima do Futebol) no contrato de consultoria, ressaltando que isso estava previsto no documento, mas não necessariamente indicava uma intenção do clube.

Por fim, o ex-diretor afirmou que considerou um “ponto final” na sua passagem pela diretoria o conflito do clube com Flamengo e CBF sobre as datas da Copa do Brasil. Pantaleão se incomodou com a neutralidade de Fred Luz durante a polêmica, questionando por que ele não se posicionou publicamente em defesa do Corinthians. Logo após o episódio, ele pediu para deixar o cargo.

Durante esta sexta-feira, 2, a Central do Timão irá repercutir outras declarações de Leonardo Pantaleão ao podcast, incluindo manifestações sobre o caso VaideBet, sua passagem pelo jurídico corinthiano e as contas rejeitadas.

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