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·11 de janeiro de 2023

Noel Le Graët, presidente da Federação Francesa, deixa o cargo após polêmica com Zidane

Imagem do artigo:Noel Le Graët, presidente da Federação Francesa, deixa o cargo após polêmica com Zidane

Finalmente o presidente da Federação Francesa de Futebol, Noel Le Graët, deixou o cargo. Aos 81 anos e com um imenso histórico de comentários que vão desde o mau gosto até racista, o dirigente era pressionado depois de declarações bastante controversas e até desrespeitosos em relação a Zinedine Zidane, craque e ídolo dos franceses. Ele era presidente da FFF desde 18 de junho de 2011. Diante do histórico negativo e com muita pressão sobre si, ele decidiu deixar o cargo. Será substituído de forma interina por Philippe Diallo.

Le Graët é conhecido por declarações desastrosas. Ele já negou o racismo no futebol, menosprezou atos contra homofobia, desdenhou das condições dos trabalhadores no Catar, distribuiu mordomia entre dirigentes e atacou jogadores. O dirigente nunca foi conhecido por ter um bom trato com declarações, nem com os jogadores.


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A derradeira polêmica do dirigente foram declarações dadas à rádio RMC sobre Zinedine Zidane. O ex-jogador e técnico do Real Madrid era muito cotado para assumir o cargo de técnico da seleção francesa após a Copa do Mundo de 2022, quando acabava o contrato de Didier Deschamps. Uma possibilidade que Le Graët fez questão de rechaçar sem muita classe e nem tato no modo de falar de um cara do tamanho de Zidane.

No domingo, dia 8, com a renovação de Didier Deschamps já anunciada, Le Graët disse que Zidane estava no radar e tinha muito apoio, mas não tinha a menor chance de substituir Deschamps. “Quem pode fazer sérias críticas a Deschamps? Ninguém. Ele [Zidane] pode fazer o que quiser, não é da minha conta. Nunca o encontrei, nunca nem considerei a saída de Didier. Ele pode ir para onde quiser, para um clube…”, afirmou Le Graët.

O presidente da FF então foi perguntado se houve algum contato com Zidane e continuou em uma fala agressiva. “Se Zidane tentou entrar em contato comigo? Certamente não, eu sequer atenderia o telefone”, afirmou o dirigente. Perguntado sobre o rumor de Zidane dirigir a seleção brasileira, ele respondeu: “Não dou a mínima, ele pode fazer o que quiser”.

O atacante Kylian Mbappé, principal estrela do futebol francês atualmente e que veste a camisa 10 dos Bleus, que já foi de Zidane, foi a público defender o ídolo. “Zidane é a França, não desrespeitamos uma lenda assim”, afirmou o jogador no Twitter, depois que a entrevista de Le Graët foi ao ar.

Não foi apenas Mbappé que se incomodou. Gente graúda, do nível da Ministra dos Esportes da França, Amélie Oudéa-Castéra, também manifestou desagravo com a declaração de Le Graët. “Mais comentários sem qualquer sensibilidade ainda por cima uma falta de respeito vergonhosa, que fere e todos nós, com uma lenda do futebol e do esporte”, disse a ministra no Twitter. Ela exigiu desculpas do dirigente.

O Real Madrid, clube pelo qual Zidane brilhou como jogador e técnico e construiu uma história absolutamente vitoriosa, sendo inclusive o primeiro técnico a conquistar três títulos consecutivos da Champions League, também se manifestou contra os comentários. “Essa declaração mostra uma falta de respeito com uma das figuras mais admiradas pelos torcedores de futebol ao redor do mundo e nosso clube espera uma desculpa imediata. Os comentários do presidente da Federação Francesa de Futebol são inapropriados para alguém que ocupa uma representação tão importante e são completamente inadequadas”, afirmou o clube, em nota.

Le Graët, com o rabo entre as pernas, se desculpou. “Gostaria de apresentar minhas desculpas pessoas por esses comentários que absolutamente não refletem meus pensamentos, nem minha consideração pelo jogador que foi e pelo técnico que se formou”, afirmou Le Graët, em nota. “Admito que fiz comentários constrangedores que criaram um mal-entendido. Zidane sabe o quanto o tenho em alta conta, como todos os franceses”.

A desculpa não adiantou muito. A pressão pela sua saída era grande, porque o histórico pesava. O presidente do comitê de ética da Federação Francesa pediu a saída do dirigente, o acusando de forma bastante dura de perder a lucidez. Nesta quarta-feira, então, ele deixou o cargo.

Antes de assumir o mais alto cargo na FFF, Le Graët foi presidente do Guingamp de 1971 a 1992. Também presidiu a Ligue 1 de 1991 a 2000, além de vice-presidente da própria FFF. Voltou a ser presidente do Guingamp de 2002 a 2011, quando foi eleito para liderar a FFF. Sua família tem uma empresa do ramo alimentício, o Le Graët Group. Além disso, foi prefeito de Guingamp por dois mandatos, de 1995 a 2008 pelo Partido Socialista.

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