Stats Perform
·23 de março de 2021
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·23 de março de 2021
Faltou pouco para que 2021 não existisse no calendário do Salgueiro Atlético Clube. Passando por problemas políticos e financeiros, o time do sertão pernambucano cogitou ficar fora da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil alegando não ter condições financeiras de bancar o elenco nas duas competições. Sem o principal aporte financeiro, que era o dinheiro vindo da prefeitura da cidade, e com uma folha salarial que gira em torno dos R$ 100 mil, o Carcará tenta, de alguma forma, superar a crise que começou antes que a bola rolasse.
Com apenas 16 anos de fundação, o Salgueiro conseguiu feitos expressivos como participar de uma Série B do Campeonato Brasileiro e ser o primeiro time de fora da capital de Pernambuco a conseguir um título estadual. O feito ocorreu em 2020, quando o time do interior superou o Santa Cruz na final.
Para esta temporada, o Salgueiro manteve uma base que vem jogando junto há pelo menos dois anos, principalmente na parte defensiva, em que os maiores destaques são o zagueiro e capitão Ranieri e o volante Moreilândia. No ataque, o time se limita a jogadores da região e promessas da base.
O time, que foi abraçado pela cidade e tem uma forte identificação com outros municípios da região, sabe das limitações impostas para esse ano. Com uma pandemia e a perda do seu principal patrocinador, o maior objetivo do Carcará no momento é obter uma boa colocação no estadual que garanta a classificação para a Série D. Do contrário, o ano que já é ruim terminará mais cedo.
Não há como dissociar o Salgueiro do homem que por anos foi o seu mecenas. Clebel Cordeiro, empresário do ramo funerário, foi um dos empresários da região que passaram a investir no clube durante seu processo de profissionalização e foi presidente da equipe durante anos. Uma outra fonte segura de renda do Salgueiro também vinha dos recursos da prefeitura do município. Em 2016, essa relação do investidor e do poder público se fundiu.
Clebel tornou-se prefeito da cidade de Salgueiro e se licenciou da presidência do clube. E a não reeleição de Clebel para o cargo público, junto com novas disputas políticas, explica a crise financeira do Carcará. O aporte da prefeitura até o ano passado era de R$ 40 mil por mês. A atual gestão garante que ainda ajuda o clube custeando as contas de água e de luz, mas informa que o motivo para a paralisação do patrocínio deve-se à pandemia.
“Salgueiro estava com postos de saúde faltando médicos. Então, contratamos sete médicos e abastecemos os postos com medicamentos. Hoje você vai em qualquer posto de saúde e tem medicamentos. A gente está dando prioridade nesse momento de pandemia à questão da saúde. A prefeitura não é contra o Carcará de jeito nenhum. Continuamos incentivando com o que a gente pode no momento”, declarou em entrevista à Rádio Jornal o vice-prefeito da cidade, Edilton Carvalho.
Sem esses recursos, o atual presidente do Salgueiro, José Guilherme Alencar, cogitou tirar o time da Copa do Brasil e da Copa do Nordeste. A possível desistência gerou desconfiança, já que o maior beneficiado com a saída do time sertanejo das competições seria o Náutico. Com isso, surgiram rumores que a equipe da capital teria comprado a vaga. O próprio presidente do Salgueiro reconheceu que tentou negociar com o clube alvirrubro.
“No ato de desespero, tomei a decisão de procurar a Federação Pernambucana de Futebol (FPF) e o Clube Náutico Capibaribe para que eu saísse de alguma maneira, ou mesmo sem negociar com o Náutico e a FPF eu não ia participar. A vaga ia para o Náutico do mesmo jeito. Então procurei o Náutico, fiz uma negociação. Mandei a carta para a FPF, dizendo que não ia participar. Quando chegou na FPF, a CBF não aceitou. O Náutico não teria direito à vaga. Se o Salgueiro confirmasse que não ia participar, não seria um clube de Pernambuco que iria pegar a vaga. Todos os atletas ouviram. Não teve safadeza".
Outro fator que afeta bastante o Salgueiro, assim como outras equipes do país, é a falta de público nos estádios. Um bom momento de fazer caixa seria a partida pela Copa do Brasil contra o Corinthians, que ocorreu no início de março. Para se ter um ideia, em 2015, a renda do jogo contra o Flamengo pela mesma competição foi de R$ 570 mil. A maior bilheteria já registrada no estádio Cornélio de Barros.
“Em jogos grandes sempre foi casa lotada. Foi assim contra o Internacional, contra o Flamengo faltou ingresso e deu confusão. Não tenho dúvidas que seria a mesma coisa contra o Corinthians. Viriam torcedores de muitas outras cidades da região. É uma pena não ter público nos estádios. Isso ajudaria demais o time”, comenta o radialista Claudinei Santos, que acompanha o Salgueiro desde sua fundação.
Mesmo sendo eliminado no primeiro jogo, o Salgueiro garantiu R$ 560 mil pela sua participação na Copa do Brasil. Pela Copa do Nordeste, já foram pagos ao clube R$ 600 mil.
Mesmo com todos esses percalços para começar o ano, até que o Salgueiro está apresentando um futebol acima do esperado. Já venceu o Santa Cruz pelo estadual e atualmente ocupa a vice-liderança da competição. Na Copa do Nordeste, tem quatro pontos e está na sexta colocação do Grupo B.