O melhor Tirsense da história: «Nos anos 90 era o tomba-gigantes da Taça» | OneFootball

O melhor Tirsense da história: «Nos anos 90 era o tomba-gigantes da Taça» | OneFootball

Icon: Zerozero

Zerozero

·09 de abril de 2025

O melhor Tirsense da história: «Nos anos 90 era o tomba-gigantes da Taça»

Imagem do artigo:O melhor Tirsense da história: «Nos anos 90 era o tomba-gigantes da Taça»

Figuras marcantes dos momentos mais áureos da história do Tirsense, Paredão e Marcelo partilham uma rara combinação de carreiras. Evidenciaram-se no Estádio Abel Alves de Figueiredo durante duas épocas e rumaram a um Benfica em transição que se deixou seduzir pelas qualidades evidenciadas pelo central e avançado brasileiros.

Presenças garantidas em Barcelos para um embate desta quarta-feira de interesse único, ambos aceitaram lançar o jogo ao zerozero.


Vídeos OneFootball


«Benfica? É o momento menos desejável para o Tirsense»

Entre a azáfama dos relatórios de scouting que atualmente desenvolve para o grupo Red Bull, o antigo defesa que vive precisamente em Santo Tirso e passou, entre outros, por Chelsea, Sheffield United ou Sunderland não tardou em soltar uma exclamação plena de entusiasmo: «Faria tudo para poder estar no lugar dos jogadores!»

«Estamos a falar de um Benfica recheado internacionais, dois campeões do mundo. Há um know-how todo atrás de um Benfica competente que, depois alguma turbulência com a troca de treinador e alguns equilíbrios emocionais ao longo da época, talvez se encontre no momento mais forte e menos desejável para o Tirsense», avaliou Paredão, em tom analítico.

«Acredito que o Benfica, com todo o respeito que o Tirsense merece, não apresentará uma equipa com a força que apresentou no Estádio do Dragão. De qualquer maneira, o plantel do Benfica, mesmo com alguns jogadores da equipa B, tem o poderio e qualidade de plantel acima da média para o nível de I Liga, quanto mais se falarmos ao nível em que o Tirsense se encontra neste momento», acrescentou.

«Será inevitavelmente a velha frase do David contra o Golias, sem sombra de dúvida, só que será muito difícil para o David levar uma pedra de sobra no seu saquinho», metaforizou em tom de brincadeira.

«A duas mãos é quase impossível ir à final»

Diretamente de Coimbra, área onde reside, falou-nos Marcelo com direito a rápidas provas da sua excelente memória: «Último jogo entre as equipas? Lembro-me de alguma coisa. O Benfica venceu 2-1 no antigo Estádio da Luz. O Rui Manuel marcou para o Tirsense, o João Pinto e o Dimas para o Benfica. Creio que fui titular nesse jogo!»

Em cheio na analepse, o agora empresário de jogadores também não gaguejou na hora de dar a sua perspetiva da partida: «Tendo em conta que o Tirsense está, neste momento, na quarta divisão e o Benfica na fase em que está, a lutar para ser campeão e em primeiro lugar da Liga, há uma diferença abissal entre os clubes.»

«Não tem nada a ver com a situação dos anos 90, altura em que o Tirsense era o chamado tomba-gigantes na Taça e tinha equipas como foi a nossa em 94 ou 95. Uma equipa excelente, com muita qualidade, o que fazia com que ombreasse com os melhores clubes em Portugal. Agora já é um mérito excecional chegar às meias-finais. Sendo uma eliminatória a duas mãos, é uma tarefa quase impossível conseguir ir à final», avaliou ainda.

Sobre o facto do Tirsense ter de jogar em casa emprestada, Marcelo não se mostrou tão pessimista como em relação às hipóteses de passagem, reavivando a proximidade entre a cidade e o clube: «Há alguns anos, com a equipa na 4.ª divisão, o Tirsense colocava cinco, seis mil espetadores no Abel Alves de Figueiredo. Sendo um jogo contra o Benfica e um momento histórico pelo facto de uma equipa da 4.ª divisão estar pela primeira vez nesta fase da prova, os adeptos têm todos os motivos para estar presentes.»

«Passagem pelo Tirsense marcou a minha carreira»

Com uma II Liga, um oitavo lugar ao serviço dos jesuítas e ainda uma Taça de Portugal no currículo pelas águias, Marcelo não terminou a conversa sem detalhar melhor as duas aventuras.

«Durante mais de metade da época, quase 20 jornadas, fui o melhor marcador da I Divisão, jogando num clube que tinha vindo da segunda. Isso era mérito meu, mérito da equipa, mérito do clube, mérito do treinador, o Eurico Gomes e, claro, isso acabou por marcar a minha carreira. Fez com que conseguisse dar o salto qualitativo para o Benfica», relembrou.

No entanto, a passagem pelas águias foi mais curta do que o desejado, apesar dos 13 golos anotados na única época no clube: «Cheguei numa altura em que havia uma instabilidade muito grande. Mudança de jogadores. Mais de metade do plantel saiu e mais de metade era novo. Eram jogadores que tinham acabado de chegar ao Benfica, muitos vindos de clubes de dimensão inferior, pouco adaptados ao grau de exigência de um clube como o Benfica

«A fase inicial foi difícil. À terceira jornada, o Artur Jorge foi demitido, tendo ficado o Mário Wilson, que já era seu adjunto. Até novembro foram momentos difíceis para a equipa. Perdemos alguns pontos, atrasámo-nos na luta pelo título contra o FC Porto, mas a partir de 1996 a equipa começou a jogar melhor e eu comecei a fazer golos muito importantes», ressalvou em tons de despedida.

«Chelsea? Vem a seguir ao Benfica»

Também com foco nas memórias vividas em Santo Tirso e na Luz, Paredão não desligou a chamada sem alguns dos trechos mais marcantes: «Na altura, o Tirsense era uma equipa com algum prestígio na I Liga. Entrei num projeto de reestruturação com o objetivo de subida. O sucesso na II Divisão e aquela época que tivemos na primeira foi fabulosa... Andámos em 4º, 5º lugar e depois houve uma quebra.»

Alegoria feita à melhor época da história dos jesuítas, Paredão não esqueceu o Benfica apesar da fugaz passagem pelos encarnados. Com uma posterior ida a Stamford Bridge e ao Chelsea, o antigo central não tem dúvidas do maior clube que representou.

«Toda a gente conhece o Benfica, não só em Portugal, na Europa e no mundo também. Acredito que o Chelsea de hoje seja um bocado mais comparativo com a competência do Benfica. Quando lá cheguei, em 99/2000, o Chelsea já era um clube com prestígio, mas não o da era moderna. Por isso mesmo, é a segunda maior aventura a seguir ao Benfica», detalhou, antes da última consideração.

«O meu casamento com o Benfica não foi o mais florido, nem todos são», lamentou sobre a instabilidade que se vivia na Luz, naquele tempo: «Mas guardo boas recordações e amizades. Sou extremamente bem recebido quando solicito algum trabalho de observação. É uma casa que me recebe sempre muito bem.»

Saiba mais sobre o veículo