Última Divisão
·27 de fevereiro de 2024
Última Divisão
·27 de fevereiro de 2024
Texto escrito por Davi Saito (Por Fora das Quatro Linhas @pfqloficial)
Recentemente falamos sobre o Duque de Caxias, que sumiu do mapa após disputar a Série B. Agora é a vez do Fluminense de Feira, tradicional equipe baiana que está na segunda divisão do estado. Vem com a gente!
O Fluminense de Feira Futebol Clube foi fundado em 1º de janeiro de 1941, em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, localizada a 116 km de Salvador. Seus fundadores eram jovens feirenses fanáticos pelo Fluminense do Rio de Janeiro que decidiram homenagear o clube do coração no nome e nas cores da equipe.
O Touro do Sertão, como é conhecido, disputou inicialmente a Liga Feirense e apenas em 1954 foi se profissionalizar e disputar o Campeonato Baiano, convidado pela Federação Baiana de Futebol. Único time do interior a disputar o torneio por 13 anos, foi campeão estadual em 1963 e 1969.
A década de 60 foi imensa para a equipe, pois, com o título estadual de 1963, o Flu de Feira disputou a Taça Brasil, campeonato nacional da época, e chegou às quartas de final, sendo eliminado pelo Ceará.
Nas décadas de 70 e 80, o Touro continuou competitivo, com boas campanhas no estadual e participando do Brasileirão em 1976, 77 e 79 e da Série B em 1972 e em quatro outras ocasiões, mas não conquistou títulos.
Chegando aos anos 90, o Flu de Feira teve dois grandes feitos em âmbito nacional: O primeiro foi a participação na Copa do Brasil de 1991, na qual caiu nas oitavas de final e fez a melhor campanha da história do interior baiano; já o segundo foi o vice-campeonato da Série C em 1992, perdendo para a Tuna Luso. Todo esse ciclo citado consolidou o Fluminense de Feira como talvez a maior potência do futebol baiano e a maior torcida do interior do estado, atraindo pessoas não só de Feira, mas de toda a Bahia. Apesar disso, houve um rebaixamento no Baiano em 1998.
A partir do século XXI, o Touro do Sertão começou a declinar. Inicialmente, fez campanhas medianas no Baianão e participou uma única vez da Copa do Brasil, em 2003. Naquela edição, ele enfrentou o seu xará carioca, sendo eliminado. Sem grandes conquistas, a década de 2010 chegou e, com ela, os piores anos do clube.
O Fluminense de Feira participou da recém-criada Série D do Brasileirão, tornando-se um dos poucos clubes a disputar as séries A, B, C e D, mas não teve sucesso. Em 2013, o primeiro grande baque veio: com 8 pontos em 8 jogos, o Touro do Sertão foi rebaixado para a Segunda Divisão do Baiano. Apesar da queda, o clube não perdeu o apoio da torcida, que continuou lotando o Joia da Princesa, seu estádio, e superou públicos até mesmo da Série B do Brasileiro.
Com más gestões, brigas políticas e crise financeira, o Flu teve um “oásis” em meio a tanta coisa, que foi em 2016: Naquele ano, o clube voltou à Série B do Baiano e, por conta do título da Copa Governador de 2015, disputou a Série D, chegando às quartas de final e não conseguindo o acesso por muito pouco. Apesar disso, o Flu fechou o ano com déficit financeiro.
Infelizmente, após essa breve esperança, a crise piorou, principalmente a partir de 2020. Com duas renúncias de presidentes em dois anos, o Flu voltou a ser rebaixado no Baianão em 2021, onde está até hoje. O talvez símbolo deste triste período seja a tentativa da contratação do goleiro Bruno (aquele mesmo) em janeiro de 2020, que estava em regime semiaberto e que só Znão foi contratado devido à repercussão negativa.
Outro fator que prejudicou o Touro foi a interferência política na administração, o que aumentou o amadorismo e criou antipatia entre o clube e a torcida. Cansativo, frustrante, decepcionante: Essas são algumas palavras que definem o Flu nos últimos anos. Porém, há uma luz no fim do túnel…
No fim de 2021, o ex-presidente Zé Chico foi eleito presidente do clube. Empresário local e figura histórica do Flu, ele buscou a concretização de uma ideia gerada em 2009, quando uma empresa propôs investimentos à equipe.
No início de 2023, a diretoria do Flu de Feira abriu negociações com a Core3 Tecnologia, empresa local que demonstrou interesse na SAF (Sociedade Anônima do Futebol) tricolor e tornar o clube forte novamente. Assim, há alguns meses, os sócios do Touro aprovaram a venda de 90% do departamento de futebol para a empresa.
Os investimentos serão, a princípio, de R$ 1 milhão ao ano, e a Core3 assumirá a dívida do clube, estimada em R$ 5 milhões. Porém, a principal expectativa está em uma mudança de gestão, que promete ser mais profissional e capacitada para levar a equipe ao patamar de outrora.
O Flu disputou a segunda divisão baiana em 2023, sem conseguir o acesso e com resultados bem frustrantes. Então, a principal meta para 2024 será retornar à elite baiana. Sob o comando de Paulo Foiani, o elenco para o Baiano está em processo de formação e, como já foi dito, as expectativas são altas. Nesta semana, Zé Chico foi reeleito presidente em chapa única para mais três anos de mandato.
O Flu de Feira é um dos mais tradicionais times do futebol baiano, com títulos importantes e participações marcantes. Infelizmente, más gestões e picuinhas políticas levaram o clube à decadência e, mesmo assim, sua torcida não o abandonou. Agora, com a SAF, o Fluminense pode voltar a ser a potência feirense e fazer bonito no cenário estadual e, por que não, nacional.
Nossos agradecimentos ao @oguilhermejoao e ao @offmenezes pela ajuda na elaboração deste conteúdo!