Quando o juízo abandonou, a paixão e a coragem levaram o Flamengo mais longe | OneFootball

Quando o juízo abandonou, a paixão e a coragem levaram o Flamengo mais longe | OneFootball

Icon: Mundo Rubro Negro

Mundo Rubro Negro

·21 de outubro de 2024

Quando o juízo abandonou, a paixão e a coragem levaram o Flamengo mais longe

Imagem do artigo:Quando o juízo abandonou, a paixão e a coragem levaram o Flamengo mais longe
Imagem do artigo:Quando o juízo abandonou, a paixão e a coragem levaram o Flamengo mais longe

Tivesse Charles Dickens nascido em Belford Roxo em 1982 e não em Landport em 1812, talvez ele fosse terminar a noite de ontem escrevendo que foi sim o melhor, mas foi também o pior dos jogos.

Foi o jogo da sabedoria, mas foi o jogo da expulsão no primeiro tempo por uma bicuda na cabeça do adversário. Foi o jogo da fé, mas foi também o jogo do desespero. Foi o jogo da classificação, mas foi também o jogo quase sem nenhum chute nosso no gol. A primavera da esperança, mas salpicada de terror. Temos agora a final diante de nós, mas quando Yuri Alberto saiu de cara pro Rossi naquele lance do segundo tempo, a sensação era de que não haveria mais nada.


Vídeos OneFootball


Porque a história que os números contam não é bonita. Um Flamengo que passou mais de 70 minutos em inferioridade numérica por conta de uma expulsão infantil de Bruno Henrique, que praticamente não criou chances de durante gol durante a partida e que sofreu muito mais do que faria sentido diante da disparidade técnica de ambas as equipes.

Mas futebol, e aí está o mais bonito e o mais irritante nesse esporte, vai muito além dos números. Ou, se você quiser ser cínico, ele leva em consideração apenas e tão somente um número: o placar final. Onde estava o 0x0 que garantiu o rubro-negro na sua 10° final de Copa do Brasil.

Sim, como de praxe o Flamengo fez a sua parte para que o jogo fosse muito mais complicado do que o necessário. O cartão vermelho para Bruno Henrique após uma bisonha solada na testa de Matheuzinho mudou o panorama de um jogo que, naquele momento, parecia relativamente sob controle, e colocou o Corinthians numa posição absolutamente dominante na partida.

E aí brilhou primeiro a estrela de Filipe Luis, que possuído pelo espírito do ainda vivo Simeone, não fez a mudança que todos esperavam ou queriam, mas sim a que o time precisava. A saída de Gabigol, com um Arrascaeta avançado e jogando praticamente de costas, deixou sim o Flamengo quase sem ataque, mas garantiu que o Corinthians não conseguisse transformar a vantagem numérica em chances de gol.

Imagem do artigo:Quando o juízo abandonou, a paixão e a coragem levaram o Flamengo mais longe

Foto: Alexandre Schneider/Getty Images

Depois foi a vez de todos os jogadores que correram em dobro pra que essa ideia desse certo. Gérson, cada vez mais chamando a responsabilidade e carrega o time nos ombros quando precisa. Pulgar, retornando a intensidade defensiva que o fez cair nas graças da torcida. Wesley, que dentro das suas óbvias limitações se mostrou um desafogo pelo lado direito.

E claro, Rossi. Que não apenas fez sua parte quando exigido, como exibiu novamente um talento quase supernatural para retardar a partida, rolar no chão sem grandes motivos ou andar até Higienópolis pra tomar distância antes de bater o tiro de meta em Itaquera.

O resultado final foi uma classificação heróica, sofrida, mas que poderia ter sido um pouco menos heróica e sofrida se tivéssemos perdido menos chances no Rio e ninguém tivesse chutado a cabeça de ninguém em São Paulo.

Mas agora é a hora da final. A primeira de Filipe Luis como treinador, uma oportunidade improvável pra um clube que se esforçou tanto pra jogar oportunidades fora, complicar situações fáceis e espremer nos próprios olhos os limões que a vida deu.

Que, mais do que saber sofrer, nas duas próximas partidas a gente possa fazer algo que é bem mais da nossa natureza, bem mais do espírito flamengo, e que esse ano ainda não tivemos chance de colocar em prática, que é saber comemorar. Qualidade pra isso nos temos, é inegável que essa torcida merece, a questão é se finalmente esse Flamengo de 2024 vai conseguir não se sabotar.

João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.

Siga o MRN no BlueSky e no Instagram.Contribua com a independência do nosso trabalho: seja apoiador.

  • Quando o juízo abandonou, a paixão e a coragem levaram o Flamengo mais longe
  • Candidaturas de Wallim Vasconcellos e Pedro Paulo são impugnadas no Flamengo
  • Hugo Souza: Braz celebra 40% e dá piada no Corinthians
  • Anti-Fla, Juca Kfouri e Milton Neves se rendem a Filipe Luís
  • Juventude perde 2 pilares para jogo contra o Flamengo
Saiba mais sobre o veículo