Esporte News Mundo
·17 de maio de 2022
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·17 de maio de 2022
Nesta segunda-feira (16) o mundo do futebol viu mais um estigma cair por terra com a entrevista de Jake Daniels, 17, para a Sky Sports do Reino Unido em que assume publicamente sua homossexualidade. Este é o primeiro caso de um jogador em início de carreira que decidiu revelar sua sexualidade publicamente, em 1990 Justin Fashanu havia feito essa mesma revelação mas aos seus 37 anos.
“Durante muito tempo pensei que teria que esconder minha verdade porque eu queria ser, e agora sou, um jogador de futebol profissional. Nenhum outro jogador no esporte profissional aqui se abriu”, afirmou o meia do Blackpool.
“No entanto, eu sabia que levaria um longo tempo de mentira (caso não assumisse) e que não seria capaz de ser eu mesmo ou levar a vida que eu quero” completou Jake, que afirmou que ao revelar sua sexualidade para sua mãe e irmã, elas responderam dizendo “nós já sabíamos”.
Considerado uma promessa das bases do Blackpool, Jake vem fazendo ótimas exibições pelo clube inglês e afirmou que pretende “ser uma inspiração para outros jovens” que assim como ele, compartilham da mesma sexualidade, mas se escondem por medo de sofrer homofobia no futebol.
Curiosamente, ao tirar o peso da sua verdadeira identidade de seus ombros, Daniels marcou 4 gols na vitória contra o Accrington pelo campeonato sub-18 da Inglaterra, “No dia seguinte que contei a minha mãe, jogamos contra o Accrington e marquei quatro gols, isso mostra o peso que tinha nos ombros” afirmou.
Em uma temporada razoável, Jake assinou seu primeiro contrato profissional esse ano e já arrematou 30 gols na temporada, a maioria contra equipes juvenis, mas ele afirma que sua maior conquista está sendo fora do campo, “Soube por toda a minha vida que sou gay, e agora sinto que estou pronto para me assumir e ser eu mesmo”, contou Daniels.
Apoio dos grandes ídolos
Thomas Hitzlsperger se tornou uma das principais vozes pelos direitos LGBTQ+ no futebol em todo o mundo
Jake Daniels revelou que após se abrir sobre ele mesmo para todos em sua volta, tem recebido uma avalanche de apoio vindo de seus colegas, amigos, familiares e dos profissionais do Blackpool, que disputa a segunda divisão da liga inglesa.
Mas o apoio não se reserva apenas as pessoas próximas, nomes importantes como Gary Neville, ex-zagueiro e ídolo do Manchester United manifestou que está “incrivelmente orgulhoso” de Daniels e afirmou que a revelação é “um grande momento para o futebol”.
“É preciso uma coragem inacreditável”, completou.
Gary Lineker, ídolo do Leicester e do Tottenham escreveu em sua conta no twitter: “Bem jogado, @Jake_Daniels11. Tem sido uma temporada brilhante para você em campo, e agora através de sua coragem, fora de campo também. Tenho certeza de que você receberá muito amor e apoio da comunidade do futebol e muitos outros seguirão seu caminho. Boa sorte para você.’
O histórico zagueiro Rio Ferdinand escreveu que tem “o máximo respeito” pela “decisão corajosa” de Daniels, e escreveu “Vamos todos ajudar a criar um ambiente seguro e solidário para as pessoas LGBTQ+ no futebol e além!”.
Ao saber da revelação, o ídolo LGBTQ+ Thomas Hitzlsperger, que se assumiu gay após sua aposentadoria, desejou a Daniels “uma carreira maravilhosa”.
‘homofobia é uma negação no esporte’
Paris Saint-Germain’s Senegalese midfielder Idrissa Gueye (L) is shown the red (second yellow) card by Polish referee Szymon Marciniak during the UEFA Champions League Group H football match RB Leipzig v Paris Saint-Germain in Leipzig, eastern Germany on November 4, 2020. (Photo by Ronny HARTMANN / AFP) (Photo by RONNY HARTMANN/AFP via Getty Images)
Enquanto a Inglaterra se vislumbra com uma imagem da aceitação as pessoas LGBTQ+, a França viu uma forte acusação ser feita ao jogador Idrissa Gueye, do PSG, pela Federação esportiva LGBT+ do país.
A Organização acusa o jogador senegalês de homofobia por ter se recusado a vestir a camisa do PSG em homenagem ao mês de conscientização na luta contra a discriminação a pessoas LGBT+ no pais.
Durante a partida do time francês contra o Montpellier (4-0), o jogador que estava sendo escalado regularmente sequer foi relacionado pelo treinador Maurício Pochettino, que após a partida, confirmou que o jogador não havia se lesionado.
“É um excelente jogador, reconhecemos, mas a religião não deve ser questionada no esporte. Podemos dizer que a homofobia é uma negação no esporte. Todos os jogadores participaram, menos ele, devia ser sancionado. Quando vemos um jogador inventar várias desculpas, percebemos que é homofobia que o clube e a Liga deixaram acontecer. Hoje, é punível por lei ser homofóbico”, disse Eric Arassus, representante da Federação LGBT+ em declarações reproduzidas pela RMC Sport.
Vale ressaltar que Gueye é muçulmano devoto, e pela lei do alcorão, livro sagrado do islã, a homossexualidade é tratado como um pecado grave e em alguns países, como o Senegal, além de ser considera ilegal é passível da condenação a pena de morte.