Portal dos Dragões
·19 de maio de 2025
Vigilante do FC Porto admite hipótese de ter desviado câmara “sem querer”

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·19 de maio de 2025
O Tribunal de São João Novo, no Porto, deu início hoje à sua 10.ª sessão de julgamento, após uma pausa de três semanas devido à baixa médica de um dos três juízes que compõem o coletivo.
Rui Martins, um vigilante de uma empresa privada que prestava serviços ao clube “azul e branco”, explicou que estava a monitorizar um elevado número de câmaras, cerca de 90, quando uma delas se desviou durante um conflito que ocorreu na bancada norte do pavilhão.
“Não me recordo de ter mexido em nenhuma das câmaras, posso ter pressionado o teclado sem querer”, afirmou.
O segurança acrescentou que a supervisão das imagens do Estádio do Dragão, da Dragão Arena e das áreas circundantes deveria envolver pelo menos duas pessoas, uma vez que a grande afluência à assembleia geral exigia alterações na logística.
“Inicialmente, um colega estava na sala das câmaras comigo, mas devido ao grande número de pessoas no P1 [entrada do Estádio do Dragão], ele saiu”, explicou, acrescentando que muitas câmaras eram móveis e, por isso, eram manipuladas por ele para focar em ajuntamentos e potenciais focos de tensão.
Por sua vez, Miguel Marques, um associado do FC Porto, relatou ter sido intimidado no pavilhão, quando filmava com o telemóvel os desacatos da assembleia geral, por um grupo de “seis ou sete pessoas” que o forçou a apagar o registo.
Após cumprir a ordem de eliminação, por receio de “represálias”, a filmagem acabou por permanecer na memória do dispositivo, o que levou o FC Porto, que é assistente no processo, a solicitar a sua inclusão.
A juíza presidente do coletivo, Ana Dias Costa, aceitou o pedido e deu um prazo de três dias para que as defesas dos arguidos possam analisar o conteúdo do vídeo e exercer o seu direito ao contraditório.
Além disso, durante a manhã, uma funcionária do clube, que estava encarregue do processo de credenciação, e uma hospedeira, que distribuía as pulseiras de entrada para a assembleia geral, relataram irregularidades no procedimento, em linha com os testemunhos das sessões anteriores.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais se encontra o antigo líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, começaram a ser julgados em 17 de março, enfrentando 31 crimes no Tribunal de São João Novo, com um forte dispositivo policial nas proximidades.
Os crimes em questão incluem 19 de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no contexto de um espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, um de arremesso de objetos ou produtos líquidos e três de atentado à liberdade de informação, relacionados com uma assembleia geral do FC Porto, que ocorreu em novembro de 2023.
Entre os arguidos, Fernando Madureira é o único que se encontra em prisão preventiva, a medida de coação mais severa, enquanto os restantes foram libertados em diferentes momentos.