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·22 May 2025

Conselho Fiscal aceita reanalisar balanços de 2023 e 2024 do Corinthians, mas impõe condições à diretoria

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  1. Por Daniel Keppler e Larissa Beppler | Redação da Central do Timão

Os bastidores do Parque São Jorge foram movimentados nesta quarta-feira, 21, por mais posicionamentos da diretoria e dos órgãos fiscalizadores do Corinthians em relação ao imbróglio envolvendo as contas reprovadas do clube, em especial sobre a pretensão da gestão de atribuir R$ 191 milhões em contingências registradas no balanço 2024 ao exercício de 2023, o último da gestão Duilio Monteiro Alves.

Logo cedo, um documento denominado “Nota Técnica sobre os questionamentos acerca das demonstrações financeiras referentes ao exercício findo em 31 dezembro de 2024” começou a circular na imprensa, assinado pelo departamento financeiro do Corinthians. No texto, de 13 páginas, a diretoria resume suas ideias sobre as contas do último exercício, reforçando a tese de que, sem as citadas contingências, o clube obteve superávit de R$ 9,5 milhões no ano passado.


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Trecho da nota técnica sobre as demonstrações financeiras de 2024. Foto: Reprodução

Segundo apurado pela Central do Timão, o documento não foi entregue a nenhum órgão fiscalizador do clube como o Conselho Deliberativo (CD). De fato, a nota técnica não está datada, nem é endereçada a nenhum órgão específico, embora cite em sua introdução não apenas o CD, como os Conselhos Fiscal (CF) e de Orientação (CORI).

Poucas horas depois, foi a vez de o Conselho Fiscal se manifestar, por meio de um ofício assinado pelo presidente Haroldo José Dantas da Silva. Nele, o conselheiro confirma que o financeiro corinthiano respondeu ao ofício anterior do órgão, que tratava da pretensão da diretoria de reapresentar as contas de 2023, e confirma que o CF poderá reanalisar os números dos balanços de 2023 e 2024.

O documento, porém, faz uma ressalva, ao deixar claro que tal reanálise só ocorrerá caso os números sejam reapresentados no mesmo padrão que vêm sendo utilizado até agora, e estejam acompanhados dos documentos que comprovem a reclassificação das despesas em debate. Além disso, condicionou a reanálise ao envio, por parte da gestão, dos mesmos materiais ao CORI e ao CD.

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Parte do ofício do Conselho Fiscal sobre a reapresentação das contas do clube. Foto: Reprodução

Na noite desta quarta-feira, o Conselho de Orientação se manifestou sobre o tema. Por meio de um comunicado assinado pelo presidente Miguel Marques e Silva, o órgão diz que ainda não recebeu quaisquer informações sobre a reanálise de demonstrações financeiras. O documento diz ainda que a reanálise, caso ocorra, deverá ser objeto de uma “avaliação técnica rigorosa”, tendo em vista as normas contábeis envolvidas.

O presidente do Conselho Deliberativo Romeu Tuma Júnior também se manifestou por meio de um comunicado à imprensa, posicionando-se contra a reabertura das contas de 2023 e 2024. Segundo ele, “o único órgão que julga contas da Diretoria é o Conselho Deliberativo”. Em relação às contas de 2024, Tuma esclareceu que elas já foram analisadas e reprovadas, com base em parecer do Cori que apontou gestão temerária.

O dirigente ainda informou que a presidência do conselho já comunicou à gestão a intenção de encaminhar um ofício ao Conselho Regional de Contabilidade (CRC), solicitando a apuração da atuação dos profissionais de contabilidade vinculados ao clube, assim como das empresas responsáveis pela auditoria e contabilidade. No entanto, o envio do ofício aguarda uma resposta da diretoria, que, segundo ele, ainda não forneceu as informações requisitadas há mais de uma semana.

Já a antiga administração do Corinthians se pronunciou por meio de Wesley Melo, ex-diretor financeiro na gestão Duilio. Em nota encaminhada à Central do Timão, ele afirmou que não recebeu qualquer notificação do Conselho Fiscal a respeito do tema e destacou que as contas da gestão anterior foram aprovadas por três anos consecutivos e que o balanço de 2023 já foi encerrado e apresentado pela atual diretoria, motivo pelo qual, em suas palavras, “não há mais o que dizer sobre os nossos balanços”.

Não temos qualquer informação oficial e tomamos conhecimento dessa disposição do Conselho Fiscal pela imprensa. Entendemos que a atual diretoria tem dificuldade de explicar seus números de 2024 e procura narrativas para desviar a atenção. Talvez tenham descoberto agora, com as contas reprovadas, que as normas contábeis são claras e exigem atenção rigorosa. Aprovamos contas em todos os órgãos por três anos consecutivos usando esse rigor, sendo que as contas de 2023 foram fechadas e apresentadas pela atual gestão por isso não há mais o que dizer sobre os nossos balanços”, afirmou.

A expectativa da gestão alvinegra é de que, sendo bem sucedida na reclassificação das contingências de R$ 191 milhões, transferindo-as para o balanço de 2023, possa ter suas contas de 2024 reanalisadas pelos órgãos fiscalizadores do Corinthians, desta vez apresentando um superávit e, portanto, sendo passíveis de aprovação. Membros da gestão passada já afirmaram que questionarão a estratégia, podendo levar o caso aos órgãos de classe da contabilidade ou mesmo à Justiça, se necessário.

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